quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

em cinzas, pronto para (re)começar

foram seis dias de carnaval, contados desde a última quinta. começou com o divertidissímo quanta ladeira, no poço da panela, e seguiu com uma overdose de frevo, que só terminou ontem mais de 4h da manhã, no marco zero com orquestra popular e maria rita. foi muita chuva na cabeça nessa quase uma semana. mas ignorada com a efervescência cultural que predomina no recife neste período. a qualquer hora do dia há blocos de frevo, sem falar nos shows que pipocam por todos os lados. como se fosse assim, normal, ver gogol bordello de uma hora pra outra no recbeat. ou ver manu chao com mundo livre. sem falar na experiência antropológica que é acompanhar o desfile do galo da madrugada. a maior quantidade de pessoas que já vi na vida, num calor escaldante de rachar o coco. hoje, em plena quarta-feira de cinzas, o saldo não poder ser outro a não ser uma gripe daquelas. mas tá valendo. é essa a essência do carnaval. e ainda tenho exatos 30 dias para me recuperar de tudo isso. até lá ainda tem praias desertas da paraíba, rio grande do norte, e assim vamos. deixando a vida levar, curtindo cada segundo dessas gloriosas férias. estrada, aí vou eu.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

tieta e caetano...

esse post vai para esse baiano, que abre o carnaval do Recife este ano ao lado de Naná Vasconcelos. Eu estarei lá. E sei que será um encontro incrivelmente bom. Recife, aí vou eu.

surpresas das semanais

ontem, nas bancas, me deparei com uma oferta que não via há tempos. As três principais revistas semanais trouxeram boas matérias de capa e sem nenhuma repetição.
A Época volta a discutir a questão da descriminalização da maconha - em virtude do afamado depoimento do ex-presidente FHC, que disse ser necessário rever o tema. A revista que causou polêmica com uma antiga a capa que reunia usuários da droga - entre eles, a então apresentadora Soninha, demitida dias depois pela TV Cultura - aprofunda a discussão de forma surpreendentemente corajosa. Aponta efeitos negativos que a legalização pode trazer, mas enfatiza o que isso traria de bom.
Já a Veja traz uma matéria sobre a nova geração de adolescentes. O subtítulo explica tudo: "Um retrato dos adolescentes de hoje: eles são os reis da era digital, decidem o que a família vai comprar, custam caríssimo, mas estão mais desorientados do que nunca". Além disso, a revista traz uma entrevista exclusiva de Otávio Cabral com o presidente do Senado, Jarbas Vasconcelos. Para resumir, extraio uma aspas do peemedebista: "Na política brasileira de hoje, em vez de se construir uma estrada, apela-se para o atalho. É mais fácil". Vai render pano pra manga...
A Istoé, por sua vez, traz a primeira entrevista com Aécio Neves mostrando-se adversário de Serra nas eleições presidenciais de 2010. O tucanato certamente terá trabalho árduo para resolver o assunto sem rupturas. Algo me diz que as prévias serão inevitáveis - e, creio eu, que algumas mudanças também.

a seu modo

o Cérebro Eletrônico, da safra de jumbo elektro, não faz samba, mas sabe fazer carnaval a seu modo. E fazem nesta quinta (19) no Studio SP um esquenta carnavalesco, junto com a Trupe Chá de Boldo. Diversão garantida.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

ele por ela

essa miúda cantora revitalizou a Lapa carioca. há cerca de dez anos despontava ali naquele bairro boêmio do Rio, Teresa Cristina. Nome que se eternizou na história da música brasileira. Ainda bem que essa ex-manicure largou as roupas pretas do metal e se encontrou nas batucadas. Para lembrar dele, o grande mestre Cartola, posto este vídeo de uma portelense que respeita e sabe em que chão pisa.

um gênio

até hoje não consigo entender como a estação primeira de mangueira pôde desfilar no ano passado sem um enredo que fizesse jus a um de seus maiores representantes, um dos maiores nomes do samba, Cartola. É que a escola verde-e-rosa como todas as demais escolas de samba do Rio já se venderam há muito tempo. O que fez com que a memória de Cartola fosse substituída por um enredo que falava de Recife (financiado pelo governo), sob a 'desculpa' dos 100 anos do frevo (LEMBRANDO: CELEBRADO EM 2007 E NÃO 2008!). Ou seja, nada justifica. Mas é esse tipo de postura que me faz compreender a apresentação que vi ontem. Anualmente, a Mangueira promove um show de verão para arrecadar dinheiro para o Carnaval. Partindo do pressuposto de que o show é comercial por si só, essa questão ficava escondida. Já que a escola reunia seus grandes representantes para lembrar os clássicos da verde-e-rosa. Não é mais o que acontece. Além do elenco renovado (Maria Rita, Marcelo D2, Roberta Sá, etc), agora os convidados vão ali para exibirem seu próprio repertório. Perdeu toda a graça. O show da Mangueira, hoje nada mais é que um especial de fim de ano da Globo. Com passistas e bateria ao final. É para lembrar um pouco dos bons tempos, que eu faço essa pequena homenagem a ele... Que fez tantos verem que o mundo é um moinho, que as rosas não falam e que, sim, deve haver o perdão.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

mais verde-e-rosa

no clima do show de hoje, é difícil não lembrar do encontro histórico que presenciei em 2005, na mesma casa, entre Chico Buarque e Jamelão. Um dos baluartes da estação primeira ao lado de um dos maiores compositores brasileiros.
sem palavras. de arrepiar. salve jamelão.

doces bárbaros na sapucaí

lembro-me até hoje desse desfile da mangueira. padre miguel, por influência do pai, não consegui não torcer para a verde-e-rosa naquele ano. e em outros anos que viriam pela frente (o que dizer do desfile de 98, com Chico?). Mas 1994 foi especial. Bethânia, Gal, Caetano e Gil foram homenageados pela verde-e-rosa em um dos sambas-enredos mais lembrados de todos os tempos. veja o eco do samba na sapucaí, as tradicionais bandeirinhas verde-e-rosa e o refrão na ponta da língua: "Me leva que eu vou, sonho meu, atrás da verde-e-rosa só não vai quem já morreu". apesar de tudo isso, a escola carioca ficou apenas em 11º lugar. e daí, não é mesmo? mangueira é emoção. e, hoje, dia do show da mangueira no hsbc brasil já sinto coceira no pé. bora sambar.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

memórias e notícias

produzi, recentemente, duas matérias consecutivas na área de teatro. a primeira foi sobre grupos de humor que são febre no YouTube, como Terça Insana e Os Melhores do Mundo. a última foi sobre cias. alternativas que tem sede própria: Cia. Livre, Folias, Oficina, Satyros, etc. Na última sexta, fui conhecer, portanto, as duas áreas - a comercial e a alternativa - de uma vez só. Primeiro fui conferir 'Memória da Cana', da cia. Os Fofos Encenam, em cartaz só até este domingo no Itaú Cultural. Vale muito a pena. A plateia é distribuída em meio ao cenário, uma casa de família, dividida pelos quartos. Newton Moreno apresenta no palco cenas de sua montagem para 'Álbum de Família', de Nelson Rodrigues. E o que se vê ali, nessa espécie de prévia, já atesta mais uma vez o desempenho arrebatador desse dramaturgo - em cartaz também com 'Agreste', no Parlapatões, e 'Vemvai - O Caminho dos Mortos', na Casa Livre, da Cia. Livre. Elenco e cenografia somam-se a um texto muito bem adaptado. Nos holofotes, um casal que é pura aparência. Por trás, os quatro filhos e a tia que idolatra o marido da irmã e é menosprezada por todos. Moreno e Os Fofos dispõem em cena conflitos familiares que levam a muitos questionamentos. Um diálogo marcante: "Você é feliz?", ao que a mulher responde: "Sou casada.". "E daí?", escuta, calada, como 'tréplica'.
Ainda no ritmo dos tambores que encerra 'Memória da Cana' era hora de fazer um leve. Dirigi-me até Moema para assistir ao espetáculo 'Notícias Populares'. Casa lotada, risos à solta em esquetes que mesclam jornalismo sensacionalista com acontecimentos do cotidiano. O resultado é eficiente. Apesar de quadros nonsense e sem-graça, como dos meninos do grupo de rap 'Répetentes', a cia. de Brasília consegue arrancar boas risadas, a exemplo dos quadros do tenente Saraiva e dos árabes 'homens-bomba'. É bom. Mas é aquilo: tipo de espetáculo que te faz esquecer do mundo, em vez de provocar questões que façam justamente lembrar o caos em que vivemos.

mais portela...

como foi bom esse show. e como deve ter sido ainda melhor no Circo Voador, com pista. Porque ver show de samba no Sesc Pinheiros é quase uma tortura. Cadê a cerveja, o cigarrinho e o samba no pé? Isso sim é samba. Braços pro alto e tristeza pra lá.

mas é carnaval...

após uma sessão indie, este blog entra em ritmo de carnaval. e começa com um encontro entre dois monstros do samba. Ela, a Clara, infelizmento se foi cedo. Ele, o príncipe Paulinho, continua na ativa, graças a deus.

tempo de fingir

Esse duo de Nova York foi um dos melhores shows do ano passado, no Tim Festival. A letra é pesada, o videoclipe psicodélico e a melancolia é inevitável.
"Forget about our mothers and our friends... We were fated to pretend"

domingo, 8 de fevereiro de 2009

o filme dela

verônica (andréa), de repente, mãe
estreou na última sexta-feira, um novo longa brasileiro, Verônica. Eu já havia conferido no início de janeiro, em uma cabine de imprensa. e, devo-lhes dizer, o filme é bem bom. E o trunfo está nela, uma atriz que já admiro bastante por sua veia cômica (mais conhecida), Andréa Beltrão. A trama de Mauricio Farias trata da relação entre professora de ensino público, a princípio amarga, cansada de dar aulas e que se vê obrigada a cuidar de um garoto, cujos pais foram assassinados. pior: o menino carrega consigo um pen-drive que reúne informações sobre a banda podre da polícia carioca. Verônica, a protagonista, cativa rapidamente. É impossível não torcer para que tudo dê certo ao fim. E a responsável por esse sentimento é Andréa. A capacidade da atriz de te colocar naquela situação é o que banca o filme do início ao fim. Do estranhamento com aquele menino em sua casa, ao desgosto de um envolvimento com um policial, Verônica vai superando limites, driblando policiais e conhecendo mais de si mesma. Tornando-se mãe de um garoto perdido.

sobre a noite de quinta

a semana que já vinha intensa desde segunda - niver da déia, alanis e berlim (3ª) e bar pós-fecho até 4h (4ª) - ainda teve espaço para novos excessos na quinta. primeiro, esquenta para o show do little joy, no saint sebastian, na vila. 21h - hora de partir para a clash e assistir ao show da tal banda de amarante, moretti e binki. antes, pegar a thata no metrô e bora pra barra funda. saldo: 3 chopps.
a casa estava lotada - e meio desanimada. ainda assim, o curtinho show do little joy se mostrou eficiente. banda afiadissíma, e amarante comprovou que ser a sombra de marcelo camelo definitivamente não é mais seu foco. a apresentação, que começou pouco depois das 22h, terminou às 23h (afinal, eles são uma 'pequena diversão'). saldo: 3 chopps, 1 cerveja e 1 vodca com energético.
o que fazer, perguntamos eu e thata. vamos pro tapas, o novo barzinho-balada da augusta. era aniversário de uma amiga da minha parceira. e papo vai, papo vem notamos que a balada não estava assim tão legal. a tal noite das mulheres djs reúne um público meio strange. 1h30, sobramos eu, thata e um amigo dela. porque não irmos para o studio sp? ideia levantada, decisão tomada. saldo: 3 chopps, 4 cervejas, 1 vodca com energético.
1h40 a gente bate à porta do studio sp. o show da nova-iorquina wax poetic já havia começado. otto estava no palco, em participação especial. na eterna viagem... eis que o gordo liga (ele, de novo!). e eis que o o mesmo chega à pistinha. a bagunça estava formada. lá vamos nós, eu, thata e gordo. que noite, sem fim... saldo: 3 chopps, 7 cervejas, 1 vodca com energético. e, claro, uma ressaca braba na sexta-feira. mas eu gostei. e muito. cias. eleitas para uma boa noite de festa. sempre.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

ensolarado

daqui pouco mais de 2h irei, enfim, ver os hypados do little joy, a banda de rodrigo amarante, fabrizio moretti (strokes) e bink shapiro. difícil não entrar na onda de rock ensolarado, meio havaiano. retrô e, ao mesmo tempo, contemporâneo. um descompromisso bom. como revela o clipe. quem foi, foi.

chapinha? ironic?

terça-feira foi dia de ir lá atrás, nos anos 90. antes, passadinha na lu e no fê. e depois, encontrar o gordo na porta da via funchal. abarrotada, deve-se dizer. ali, 6.000 pessoas cantaram (gritaram?) a plenos pulmões 'ironic', 'head over feet' e 'you oughta now'. foi engraçado. mais curioso ainda era o público. eu e meu parceiro caio admiramos as beldades que se montaram em sandálias de salto bem alto, maquiagem e chapinha para um show (de pista), como se estivessem na vila olímpia. eram novas adolescentes misturadas com aquelas que realmente viveram a febre alanis morissette. a produção, porém, não vingou. com ar-condionado falho (ele existia?), a casa virou um forninho. todo mundo suando. e a chapinha... já era. aí sim ficou mais fácil ver quem realmente era só produção.
e quem disse que acabou por aí? a noite nunca tem fim. e lá fomos nós para o berlin. quem me viu, mentiu.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

de volta aos anos 90

hoje tem show da Alanis, aquela que fez muitas meninotas chorarem e se vingarem de amores perdidos/desencontrados. a cantora e compositora canadense que vendeu 30 milhões de cópias em 95, com Jagged Little Pill. O disco dos adolescentes. Que hoje, mais crescidinhos, vão reviver a época na Via Funchal.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

música à flor da pele

já em são paulo, direto do plantão, sou acometido por uma saudade. uma saudade de uma cidadezinha que jamais imaginei nutrir tal sentimento. eu sei que o mesmo é temporário. não consigo imaginar morar em uma cidade de 160 mil habitantes, que às 18h fecha as portas do comércio e, com exceção de um outro bar, se cala. a verdade é que este sentimento vem de uma situação, de um evento, de pessoas. a saudade de Jaraguá do Sul é pelo que ouvi e vivi junto com professores e alunos em menos de 48 horas, no festival de música de santa catarina. ali, vi cenas que talvez jamais verei. vi manifestações de agradecimento que vão ficar por um longo período na minha memória. ali, naquela cidadezinha, cerca de 500 estudantes se reúnem em uma espécie de acampamento musical. é um intenvisão de estudos, em que os professores passam por nomes como Carlos Prazeres, Fany Solter, Antonio del Claro, Shmuel Ashkenazi, Rita Costanzi, Fábio Cury, etc. Pianistas, fagotistas, maestros, oboístas, violoncelistas, violinistas... músicos que se misturam - de aspirantes a consagrados. que trocam experiências continuamente, e dividem salas e mesas de almoço/jantar/cerveja. todos abrem sorriso e fazem olhos brilharem ao falarem da sua participação. e a reação não se restrinje a alunos. professores também relatam a experiência como algo jamais visto em outra ocasião, em outro festival. gabriel prazeres, diz ter passado por vários, e nunca ter presenciado um clima de confraternização como no femusc. e o trunfo, dizem alunos e professores, é de alex klein. e eles não estão sendo demagogos. oboísta, maestro e diretor artístico, o fundador do festival está o tempo todo presente, pra lá e pra cá. veste a camisa literalmente, conversa com qualquer aluno que vier falar com ele. um desses se despede antes da hora. diz ter um concurso para prestar na banda sinfônica da APM, em Vitória. Alex, como um paizão, diz que espera que ele volte. deseja sucesso, com sorriso estampado no rosto. e me diz que a maior realização é quando chega à noite e todos eles se misturam na mesa do Quik Dog, a lanchonete-bar da região. claro, lembra ele, uma outra realização é que um dia um maestro como prazeres veja um daqueles meninos e meninas numa audição da petrobras sinfônica e lembre-se: "você é aquele do femusc". e porque essa ânsia em formação musical? "o que eu vou dizer para um menino que quer ser músico? que ele desista da ideia e vá ganhar dinheiro com outra coisa? não. a gente precisa empurrar esses sonhos."