quinta-feira, 30 de abril de 2009

contradições de um homem só e coletivo


"Era sozinho e tímido quando criança. Prendia a respiração quando a professora chamava o meu nome e eu tinha de dizer “Presente!”. E hoje o que mais faço, o tempo todo, é dizer que estou presente. É louco isso... Tive meu mundo próprio, mas cresci em Salvador, cidade que me deixou apaixonado por gente. Fui e sou muito questionador. A solidão me fez peneirar tudo isso. Comecei no teatro sem saber o que fazia ali. Tinha 9 anos e fazia um vendedor que surgia da plateia e caminhava até o palco. É tão nítido na minha memória... Depois, fui para o Rio, trabalhei como palhaço... Até que fiz meu primeiro monólogo, o ‘Bispo’. Era um universo diferente. Ali, tudo cresceu a partir de anos de preparação. Em , trabalho a partir da palavra. É... Talvez esteja criando uma trilogia sobre as camadas múltiplas do homem. E isso tem a ver com solidão. Na semana passada, antes de entrar no palco, eu me perguntei novamente, como nos meus 9 anos: “O que estou fazendo aqui?”. Não sei se as respostas para as minhas questões virão na terceira peça. Talvez ela me leve a novas perguntas".


**Depoimento concedido a Pedro Henrique França por João Miguel, em cartaz com Só, no Sesc Av. Paulista, de sex. a dom., às 20h30. R$ 20. Até 17/5.

a nova

indicação da minha irmã comediante e boca suja, Renata Megale: Quem morre de gripe suína vira... espírito de porco.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

exaltação ao amor

Com a banda Trupe Chá de Boldo, Gero Camilo exalta o amor na Vila Madalena.

Zahi Club (500 lug.). R. Inácio Pereira da Rocha, 520, 3034-5002. 4.ªs, 22h30. R$ 40. Até hoje (29).

segunda-feira, 27 de abril de 2009

beirut também quer caetanear

além de ser a melhor descoberta dos últimos tempos, a banda de Zach Condon me surpreende com essa versão de 'O Leãozinho', de Caetano. bom demais...

a última moda

PÓS-GASTRO: Os porquinhos no alvo da moda


Pronto. tava faltando mais uma para bombar os noticiários. afinal, a gente quase não tem problemas endêmicos mundiais. não nos faltam guerras, violência urbana e doenças sem cura. sem falar nas inúmeras questões políticas, que são colocadas mais e mais embaixo do tapete. ficamos, por assim dizer, acostumados com as desgraças. e já faz tempo. mas o que se fala agora no mundo é a gripe suína. pânico mundial. voltou do méxico? prendam-no, sem direito a visitas. espirrou? pelo amor de deus, sai daqui. tá com febre? se interna. então, todos nós passaremos a sair de máscaras? isolados em incubadeiras (ou em geladeiras)?
é pessoal. os tempos mudaram. e a indústria, certamente, vai saber aproveitar disso. fashionistas que o digam.
*uma fornada quentinha de máscaras louis vuitton deve começar a circular ainda este mês. há quem diga que não custará menos de US$ 5.000 (a com pedrinhas em diamantes está estimada em US$ 50.000). A Daslu, das trambiquetes, já encomendou 100 peças exclusivas, e outras 100 peruas estão na fila de espera.
*enquanto isso, claro, os camelôs se abastecem. a versão vuitton sai por R$ 30, mas se vasculhar bem pode encontrar até duas por R$ 10. hora de pechinchar.
*a Banca de Camisetas, aquele ponto da Vila Madalena que virou hypado e praticamente dobrou seus preços, já elabora camisetas com o tema suíno. Há até mesmo Che Guevara em versão porquinho, com a frase 'Hay que Endurecer, Pero Sin Perder la Cordura Jamás' (promete ser sucesso de vendas entre os ripongas chiques da PUC).
* e na cama, nada de respiros ofegantes. uma marca famosa de camisinhas prepara um estoque de produtos labiais.
* nas ruas, novas gírias. se ouvir atchim, não se assuste a pessoa ao lado trocar o demodé "saúde" pelo mudérno "vaza porco".
* e a próxima edição do SPFW, sempre antenada com as questões mundiais, virá com o tema "morte aos porcos. além de calóricos, eles matam".

domingo, 26 de abril de 2009

em junho, no glastonbury

entre os dias 24 e 28 de junho, em data não confirmada ainda, o maior festival de música a céu aberto do mundo recebe Florence and the Machine, uma das principais apostas de 2009. à frente da banda, a jovem inglesa Florence Welsh compõe, canta e toca. uma ruiva de porte e talento, que sabe fazer ao vivo. ah, como eu queria estar de passagens compradas para pilton, inglaterra.

felicidade em plano-sequência

o videoclipe é bom. e faz pensar que basta sair às ruas para exaltar a felicidade. colhendo e disseminando um bocado dela pelas esquinas.

goldfrapp - happiness
(dica: veja também o clipe de 'oh la la').

tutli-putli













animação dos criadores de madame tutli-putli. em vídeo, entenda melhor a criação incrível desses rapazes, premiados no prixar 2008 e no cannes 2007.

*indicação do blog da thata.

sábado, 25 de abril de 2009

impressões desfeitas

Na noite de terça-feira (28), Giana Viscardi encerra a temporada no Tom Jazz. Nas primeiras canções, o espectador pode acreditar já ter visto algo parecido antes: o movimento dos braços e os cachos desgrenhados, que remetem a Vanessa da Mata; a dança e o figurino no estilo de Mariana Aydar; e um quê de Céu no timbre da voz.
Mas esta paulistana tem méritos próprios para se destacar entre a enxurrada de cantoras de MPB de sua geração. Sua história começou há oito anos, quando foi para os Estados Unidos gravar ‘Tinge’. Em 2005, ela lançou o segundo, ‘4321’.
Após a boa repercussão no exterior, Giana relança em São Paulo seus dois álbuns de repertório autoral, com parcerias que navegam pelo samba, pelo forró e pela bossa nova.
Ela chega com boas letras, como ‘Gil e Jorge’ – e muita desenvoltura. E mostra que está na hora de ser mais valorizada em sua terra natal.

Serviço
Giana Viscardi. Tom Jazz (200 lug.). Av. Angélica, 2.331, Higienópolis, 3255-3635. 3ª (28), 22h. R$ 30. Última
semana.

* Matéria publicada por Pedro Henrique França no Guia do Estado.

o palco


Os liames sutis e misteriosos com o mundo em torno: é isso que falta. A percepção dos outros, a intuição da mera respiração alheia, as entonações do mundo, esse recorte silencioso que vamos fazendo das figuras que se movem no palco para nele encontrar nosso lugar de atores.

tic-tac


sexta-feira, 24 de abril de 2009

pais e filhos

- pai, eu tava lembrando...
- o quê?
- daquele dia que você me ensinou a andar de bicicleta sem rodinhas....
- foi legal, né?
- foi. também lembrei de você me forçando a dizer papai. e eu demorei à beça.
- é verdade...
- e agora está uma sensação tão estranha...
- como assim?
- não sei, sinto frio. e ao mesmo tempo não sinto nada.
- é uma transição, mas vai passar.
- por que você fez isso?
- filho, eu não podia mais...
- mas o que eu tinha a ver com isso?
- nada, filho, mas...
- pai, eu saí de você. mas eu não consigo entender.
- o quê filho?
- você disse que me amava...
- mas eu te amo.
- pai, eu acredito... mas porque eu estou aqui agora?
- a gente está bem filho.
- eu sei. mas acho que ainda não queria estar aqui.
- filho...
- pai...
- eu fiz isso por nós.
- não, você não fez.
- fiz...
- não. porque agora a gente vai se separar.
- não..
- sim. porque eu vou para um lado e você para outro. eu subo, você desce...
- mas eu te amo.
- não pai. porque quem ama, ama. não mata.

o crime da covardia

e mais uma vez acompanhamos no noticiário a morte de uma criança que não poderia se defender. o assassino: seu próprio pai. e mais uma vez custo a entender o que leva um ser humano a interromper a vida de alguém. e não me venham com esse papo de insanidade. isso tem uma única explicação, a covardia. e isso é inaceitável, imperdoável, indefensável. e o pior: nenhuma espécie de punição será suficiente. porque não trará a pessoa de volta. o que ela tinha, ela já perdeu: a vida. a questão da morte covarde se estende para outros meios. está incrustada na violência diária do cotidiano. e eu só consigo me revoltar cada vez mais. porque mesmo o assalto seguido de morte é inescrupuloso. leva meu relógio, leva meu celular, leva o que você quiser. a injustiça social ainda pode levar à discussão dos fatos. mas levar a vida não tem - e não terá jamais - qualquer explicação.

conto de confusão


luiza tem 20 e poucos anos. preocupações passam longe dessa cabecinha, que parece avoada, mas não é. luiza, inteligente, sempre com um sorriso doce estampado. tirá-la do sério é coisa para poucos. mas luiza não é plena felicidade, como tanto parece. ela tem milhares de confusões e indagações. ela substitui sua própria felicidade em prol de quem está a seu lado. ignora, se sabota e se machuca. é uma consequência óbvia e inevitável.
luiza gosta de borges, da irreverência de caetano e de rir. o choro vem raramente, e ela quase sempre consegue esconder. quase. porque às vezes ela chora sem lágrimas. basta olhá-la e ter uma profunda conversa para saber que a tristeza está latente. ela já tentou entender inúmeras vezes porque é tão confusa. já se olhou no espelho e quis acreditar que a solução viria a qualquer hora. mas ela não vem. e luiza não tem culpa. ou será que tem?
amores para ela tem conceitos difusos. e por mais que ela não queira se envolver, é inevitável. lá está ela outra vez, atropelando intervalos que o coração (ah! o coração) necessita. luiza acredita que engatar uma coisa na outra pode ser fácil. e realmente pode, ué. a questão é que pontos mal-resolvidos serão para sempre mal-resolvidos.
lá no fundo luiza não consegue se entregar de corpo, alma - e coração - para a situação. na verdade, ela até consegue, em partes. na cabecinha dela está tudo ali, perfeito - a seu modo. sempre dá pra dar um jeitinho, virar o jogo e fingir que nada aconteceu. que tudo bem desligar o celular. que tudo bem amar mais do que o permitido. que tudo bem enganar.
o fato é que ela engana a si mesma. e ela não tem culpa. porque se deixa levar pela fraqueza decorrente dos sentimentos. luiza é apenas mulher. e continuará insistindo nos repetidos erros. porque é luiza. e será assim, sempre. até que o espelho, enfim, se quebre. e ela entenda que nem tudo são flores. e que nem sempre mentiras sinceras interessam. o pior é que, no fundo, ela já sabe disso. só não consegue crer.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

o sonho não tem limites

Muito se falou dessa mulher na última semana, principalmente de que ela seria um produto. Susan Boyle, produto facilmente ignorado numa primeira instância, pode ser o que for. Mas é, sobretudo, lição de vida. Emociona e faz crer que a vida está muito além das aparências. Chega-se ao sonho quem tem vontade, coragem e acredita em si mesmo.

terça-feira, 21 de abril de 2009

eu não sou daqui também marinheiro

é impossível ficar apático ao crescente dessa música.

dias e dias...

os amigos ligam da mesa do bar. um a um. ele está em casa, tranquilo, cansado e na tua. os amigos questionam e, vá lá, julgam. "você tá chato" ou "o que você tem?". de repente ele entende que todos o enxergam como um boêmio e que a recusa ao convite do bar só pode ser uma doença. curioso, pelo fato de que todos eles um dia já disseram não. e ele, sempre, simplesmente desligou e passou para o próximo nome da sua agenda do celular. recusar é normal, pensa. mas parece que não no caso dele. porque ele é o sinônimo da alegria, do mal-humor que vira piada e da noite sem fim. não é verdade, ele pensa. mas todos acreditam que sim. ele resolve então seguir sua nova filosofia: sem drama e cada um na tua. assim: como um beijo, tchau.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

orestes e heleninha

a trilha sonora deles poderia ser um poético samba de cartola, a melancolia de um radiohead ou mesmo um rock dos rolling stones. e por que não um sertanejo bem brega do chitãozinho e xororó. eles cantam alto no carro - e a trabalho. afinal, eles ignoram etiquetas (com classe). os olhares falam mais do que as frases. e é diário. capaz de interromper qualquer concentração. eles se olham e riem. ou choram sem a necessidade da lágrima. amam a realização de um bom texto tanto como uma bela pistinha. se divertem, se xingam e se amam. são verdadeiros. sem qualquer espaço para mentiras. segredos? aos montes. confiam piamente um no outro. andam como pulga e piolho. e como falam... e são intensos. no trabalho ou na balada. se ajudam, se alcoolizam e são felizes. ele adora uma mesa de bar e uma cachacinha. ela é fina, dança indie rock (ou um bom samba) acompanhada de um copinho de whisky ou de vodka. ela é a eterna companheira. que faz ele ver a vida com mais cores e leveza. ele é, por assim dizer, a lisergia dela. o empurrão para lembrá-la que a vida está apenas começando. e que sempre há espaço para o novo. os olhares ficarão um pouco mais distante daqui em diante, é verdade. e ele sentirá um vazio de não tê-la ali, com aquele olhar e as caretas que quebram seu mal humor diário. mas ele sabe que não pode ser egoísta, mesmo que não consiga disfarçar. ele está feliz, mas triste. é uma doce solidão. que vai passar. porque orestes e heleninha levam a ressaca numa boa. sempre prontos para mais uma. porque eles têm a certeza que isso vem de outras vidas. e que a relação é eterna. e saudável. como o tilintar de copos de um brinde sincero.

terça-feira, 14 de abril de 2009

entreato

- cara, tô indo pro rio quinta.
- é mesmo? de vez?
- é, morar.
- e vai fazer o que lá?
- ainda não sei.
- mas você é ator?
- sou, mas to saindo.
- é. e vai fazer o que?
- música.
- musicais?
- não, não. é bom frisar: música.
- tem banda?
- tenho.
- de...?
- baladas. pop-rock.
- legal. e já viu onde morar?
- não. to indo quinta pra começar a ver isso.
- sabe que eu também queria... toda vez que saio de lá parece que tem algo querendo me puxar. dizendo 'fica, fica'.
- pois é. eu tive isso durante muitos anos. resolvi me render.
- é o que eu deveria fazer. eu não estou aqui, estou lá.
- eu, a partir de quinta, estou definitivamente lá.
- é, preciso de mudanças...
- eu também. e começo quinta.
- e eu? começo quando?

calam-se.

- moça, mais uma taça, por favor.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

era uma casa...

o feriado foi de boas cias e refúgio... começou quinta. primeiro, musical Sassaricando, com a Déia, e seguiu para uma festinha na casa do Duda, amigo de Maria Lutterbach. Já eram mais de 2h, quando fomos para a pistinha da Astronete (precisa?!).
sexta, a Déia seguiu para Bebedouro e me deu as chaves ("fica aqui"). o que pareceu estranho, logo se tornou prazer. feriadinho com a acolhedora toca bebedourense? logo chamei a pri para essa árdua tarefa de tomar conta do lar. depois de conferir 'as centenárias' com o murilinho, bora tomar uma breja na casinha. e lá ficamos até 3 da manhã. entre pães, queijo e cervejas...
sabadão era dia de mais dois musicais - 'A Noviça Rebelde' e 'Beatles, Num Céu de Diamantes'. Antes, porém, bora descer pro Ibira (a praia de paulista), tomar umas e se esticar na canga. Depois da maratona musical, que começou às 17h e só terminou depois das 23h, o cansaço abateu sobre a dupla. Vinho e cerveja no Pão de Açúcar e de volta à casa. Entre um copinho e outro, capotamos. E ainda tinha o domingo...
Que começou tarde, depois do 12h, como a folga merecia. Depois de mais um pulo no Ibira, de volta à casinha. A invasão terminou às 19h, com a chegada da verdadeira inquilina. Os temporários tinham que dar tchau.
E a vontade de morar sozinho só aumentou. Só com um teto seu pra esse irriquieto ficar tanto tempo em casa. Déia, eu quero mais!

O Cara e elas

Marieta e Andréa: troca sincera no palco

Já postei em outras ocasiões sobre as peças de Newton Moreno - as últimas foram 'Agreste' (em cartaz no Parlapatões) e 'Memória da Cana', esta em fase de montagem que teve recentemente uma prévia no Itaú Cultural. Na última sexta-feira, lá veio ele mais uma vez. Surpreendente, emocionante e ora divertido, ora tocante em cada diálogo. Desta vez, Moreno tinha nas mãos duas atrizes que dificilmente poderiam decepcionar. Amigas e sócias, Andréa Beltrão e Marieta Severo estão entre as duas atrizes que nunca fizeram algo que eu não tenha gostado. Aliás, recentemente eu postei sobre o filme 'Verônica', do qual Andréa é a protagonista. Enfim, desta vez não tinha como dar errado. Dramaturgia de Newton, com Andréa e Marieta em cena é receita garantida de sucesso. Em 'As Centenárias', que estreou sexta no Teatro Raul Cortez (Fecomercio) após dois anos em cartaz no Rio, a trama das duas carpideiras arranca risos e emociona. Zaninha (Andréa) quer seguir os passos de Socorro (Marieta) e fazer as vezes de chorona em velórios. Aos poucos, ela se torna tão competente quanto sua mestra e, mais do que chorar em troco de um prato de comida, Zaninha aprende como Socorro a driblar a morte. Daí o nome da peça. Encomendada pela dupla, o texto de Moreno mais uma vez recorre à cultura popular nordestina para costurar uma trama envolvente e lúdica, até mesmo com utilização de fantoches em rápida substituição de personagens. O tema, que pode parecer triste numa primeira leitura, se faz divertido e bastante ágil no palco. Como num jogo de espelhos, Zaninha (ou Andréa) vê em Socorro (ou em Marieta) o seu futuro. Mas, na verdade, Andréa - e Zaninha - já chegaram lá.

drops

Agora estava ali, sozinho, um pé no sonho, outro também, e sentiu o sopro do medo tomando-lhe o corpo, segurando seus passos, enquanto embarcava no ônibus de volta
Cristóvão Tezza - O Filho Eterno

terça-feira, 7 de abril de 2009

para um bando de loucos

desespero em um 2 de dezembro de 2007

antes de mais nada, devo lembrar que sou palmeirense. mas fui, por curiosidade própria, à pré-estreia do documentário 'Fiel', de Andrea Pasquini. o longa retrata a nação corintiana, com foco nos anos de 2007 e 2008 - período de queda à série B, contra o Grêmio, até o retorno à Série A. o roteiro de marcelo rubens paiva e serginho groisman privilegia fundamentalmente a torcida e seus integrantes. e extrai bons depoimentos do 'bando de loucos', e que não se limita às classes mais baixas. recurso que facilmente cairia no clichê de que o corinthians é o time do povão.pasquini vai pelo caminho oposto: 'Fiel' faz confirmar que o time reúne retratos de um Brasil extenso - e misturado.
além de bons depoimentos, como 'você nasce um corintiano, não tem reversão'. ou do filho, ao lado do pai: 'o corintians tá no sangue, na veia. aqui (apontando para o peito) não tem coração. se colocar o raio-x vai estar o símbolo do corintians'. na lotação, no entorno do pacaembu, num estádio em goiás, debaixo de sol ou chuva, empinhado na multidão, eles gritam, vibram, choram e sofrem. "meu pai uma vez disse assim: 'você vai querer ser corintiano? tem certeza? que nem eu e seu avô? então se prepara: que você vai sofrer'", diz um dos sofredores.
se no início a diretora peca pelo excesso de depoimentos sobre o 'ser corintiano' e a rotina de pré-jogo envolvida, a situação se inverte no percurso de rebaixamento ao retorno da elite do campeonato brasileiro (uma situação já vivida por nós, palmeirenses). é aí que, talvez, pasquini poderia ser mais generosa. ou vai ver que ela foi correta, mas injusta numa comparação com o início do filme. ainda assim, vale por esse estopim: "descobri que tenho câncer há um tempinho e a única coisa que minha família não me proíbe de fazer é ir ao jogo. porque isso não tem como".
o melhor mesmo de 'Fiel' está na não-utilização de narrador. quem conta essa história é a torcida. que, de fato, nunca abandonou. e deve, mais uma vez, comprovar isso nas bilheterias -dos cinemas.

pílula 2

o mundo desaba lá fora. e perto. você desanima. quer abraçar o mundo sem abraçar ninguém. mas vê que isso não é possível. que tem de encarar de frente. engolir seco e seguir. nada como um dia após o outro.

M.S.C. (Movimento Sem Celular)


a melhor coisa que fiz nos últimos tempos foi desligar meu celular. de quinta à noite até domingo à tarde. na praia, longe de sampa, na toca do nenecs, no alto do morro de paúba, com vista incrível e o silêncio.
como é bom o silêncio...
apenas o barulho dos ventos. o som que vem da caixinha do ipod. o abrir de uma latinha de breja. o barulho do chinelo rastejando a casa.
como é bom o silêncio...
que faz você ficar longe do mundo, evita as notícias ruins. e faz crer que tudo pode voltar à rotina só quando você vislumbra a marginal. e lembra de que chegou.
e que tudo volta ao normal.
e que a segunda-feira é apenas o (re)começo. seja ele bom ou ruim. vai depender da sua caixa postal.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

pílula

só você pode pagar pelo seu erro. e pior: só você sabe o quão difícil será.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

quarta-feira, 1 de abril de 2009

indie news

esse vídeo do eels tá com som melhor e é bem massa!

i like birds

indicação do pete, um indie britânico que tive a sorte de conhecer em noronha. ipod de lá, ipod daqui.

bastou...



um fechamento para eu ficar com saudade das férias, ter vontade de explodir São Paulo e esquecer todas as good vibes. fuck. ninguém merece. ainda bem que o finde é de praia. ufa!