segunda-feira, 31 de agosto de 2009

na carta capital

Mais olhos para o mundo
28/08/2009 16:10:58

Camila Alam


A 14ª edição do Festival É Tudo Verdade aconteceu no começo do ano, mas nova mostra entra em cartaz em São Paulo, a partir de 31 de agosto, e no Rio, em 4 de setembro. Trata-se de uma segunda seleção, que reúne ciclos especiais, realizados na Cinemateca Brasileira (SP) e no Instituto Moreira Salles (RJ), com entrada gratuita. É a primeira vez que o festival se repete no mesmo ano. Esta edição realiza retrospectiva inédita do francês Louis Malle (1932-1995), apresentando sete de suas produções não ficcionais, como A Índia Fantasma e Humano, Demasiadamente Humano (1974). O ciclo intitulado O Estado das Coisas apresenta produções nacionais também inéditas, como Fordlândia, de Daniel Augusto e Marinho Andrade, e Ecos, de Pedro Henrique França e Guilherme Manechini. Paulo César Saraceni é homegeado pelos 50 anos de Arraial do Cabo e o uruguaio Gonzalo Arijon apresenta seu novo documentário, Ojos Bien Abiertos.

na eband

http://www.band.com.br/jornalismo/brasil/conteudo.asp?ID=175758

ecos na ilustrada

Do blog da folha online.

No JT

Mais notícias.

No Globo

http://oglobo.globo.com/cultura/rioshow/mat/2009/08/28/louis-malle-saraceni-sao-os-homenageados-do-festival-tudo-verdade-com-entrada-franca-767363272.asp

Ecos...

Segunda parte traz especiais e homenagens

Estado das Coisas, Malle e Saraceni dão sequência ao evento que começou no primeiro semestre

Luiz Carlos Merten


Em abril, no encerramento da 14ª edição do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade, Amir Labaki comemorava, mais do que o recorde de público, o fato de haver atingido uma de suas proposições. A ideia de dividir o festival em duas partes, primeiro exibindo as mostras competitivas nacional e internacional e deixando para o segundo semestre as sessões especiais como Estado das Coisas (e as homenagens), surgiu um pouco como pressão das dificuldades de patrocínio, mas também favoreceu o que já era uma decisão amadurecida. Com tantas seções - e sessões -, Labaki deu-se conta de que estava podendo exibir os filmes apenas uma vez. Ele queria dar ao público mais de uma chance para ver obras que, muitas vezes, dispõem somente da vitrine do É Tudo Verdade para passar no País. O formato deu certo. Começa hoje a 2ª parte do 14º É Tudo Verdade.

Em São Paulo, o festival ocorre na Sala Cinemateca, de hoje até a próxima segunda-feira, dia 7. A abertura paulista, para convidados, é com Praça da República, de Louis Malle. No Rio, de 4 a 12, a sede será o Instituto Moreira Salles e o filme da inauguração, outro de Malle, A Câmera Impossível, primeiro da série A Índia Fantasma. Quem acompanha o É Tudo Verdade, sabe que a mostra Estado das Coisas é a informativa do evento, aquela em que passam os filmes mais diretamente ligados à discussão - e indagação - de temas políticos e sociais. Além dela, o festival presta as homenagem. Há um par de anos, o É Tudo Verdade já celebrou o cinquentenário da reportagem que deu origem ao filme Aruanda, de Linduarte Noronha, considerado uma das pedras de toque do Cinema Novo. Este ano, o homenageado é outro documentário fundamental na eclosão do movimento - Arraial do Cabo, de Paulo César Saraceni (leia ao lado).

Só a homenagem a um dos clássicos do Cinema Novo já seria um presentão do 14º É Tudo Verdade para os cinéfilos, mas tem mais - há alguns anos, Amir Labaki participou, como jurado, do Festival Internacional de Documentários de Amsterdã. Do júri também participava Nick Fraser, que dirige a seção de documentários da BBC. Entre uma conversa e outra, Fraser contou que estava exibindo, na TV inglesa, os documentários realizados por Louis Malle. Desde então, trazer ao Brasil a obra documentária de Malle virou questão de honra para Labaki. A maioria do público reconhece Malle como grande diretor de ficção. Precursor da nouvelle vague - com Ascensor para o Cadafalso -, Malle se havia iniciado na direção fazendo, em parceria com Jacques Yves Cousteau, O Mundo do Silêncio, que venceu a Palma de Ouro em Cannes, em 1956.

Cineasta do escândalo, possui, entre seus clássicos, filmes polêmicos como Amantes, Zazie no Metrô, 30 Anos Esta Noite, O Ladrão Aventureiro, Lacombe Lucien, Pretty Baby, Adeus, Meninos. "O documentário é o continente submerso da obra de Malle", afirma Labaki, que exibe dois episódios da série A Índia Fantasma, de 1969, e Humano, Demasiadamente Humano, de 1974. Dois documentários nacionais inéditos vão fazer sensação na mostra O Estado das Coisas - Fordlândia, de Daniel Augusto e Marinho Andrade, reconstitui a história da cidade erguida no Pará, nos anos 20; e Ecos, de Pedro Henrique França e Guilherme Manechini, investiga o até hoje misterioso assassinato de Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, prefeito de Campinas, em 2000. Estado das Coisas põe foco no Irã por meio de três documentários, com destaque para The Queen and I, de Nahid Persson, que entrevista a ex-imperatriz Farah Diba. Nahid foi às ruas pela deposição do Xá, mas seu sonho de liberdade foi atropelado pela república dos aiatolás. Ela teve de se exilar e hoje, em diálogo com a rainha exilada, na verdade fala também sobre sonhos desfeitos e o próprio exílio.

Serviço
14.º É Tudo Verdade. Cinemateca. Largo Senador Raul Cardoso, 207, 3512-6111. Grátis. Até 7/9 - www.etudoverdade.com.br. Abertura hoje, 20h30, para convidados


* Publicado hoje (31/8/2009), no jornal O Estado de S. Paulo

domingo, 30 de agosto de 2009

um projeto, o filme e dois irmãos

Lembro como se fosse ontem. Eu e ele na mesa da cozinha - dele. Copos em mãos, uma cerveja ou outra na cabeça. Era outubro ou novembro. Ano: 2006, 3º de jornalismo, 21 de vida. Em um certo momento da conversa, ele me questionou: o que você vai fazer de TCC? Era um sábado, por volta de umas 21h. O início de uma conversa informal, das primeiras ideias. Dividia ali com meu irmão que escolhi para a vida toda um projeto que idealizara desde 2004. Nascia um sonho.
Em 2004, tive minha primeira conversa com Roseana Garcia. Soube da sua história quando Marina e ela se mudaram para São Paulo. Todos da turma do prédio falavam sobre a tal filha e a viúva do Toninho do PT. E eu nem sabia bem quem era Toninho do PT. Como tantos outros não souberam.
Toninho morreu no dia 10 de setembro de 2001, entre 22h e 23h. Na manhã seguinte, o que era pauta de todos os grandes jornais foi deixado de lado. Naquele dia, aconteceria um dos principais casos 'de guerra' do novo século: o atentado ao World Trade Center e outros pontos americanos. Os assassinos de Toninho devem até hoje a sorte a Osama Bin Laden.
Pois bem, em 2004 eu pude ter um primeiro contato mais profundo com a história. Resolvi fazer minha primeira reportagem sobre esse caso, nas palavras de uma víúva indignada com todo descaso: do partido, da polícia, da justiça. Naquela conversa resolvi que faria algo maior - aquele seria o tema do projeto de conclusão de curso. Havia muito a explorar, ouvir, decifrar, discutir, polemizar. Existia uma história (e que história) para se trabalhar.
Ali naquela mesa sentia que tinha achado meu parceiro. Ressabiado, confesso. Fazer um trabalho com um amigo tinha vantagens e desvantagens. Pró: a liberdade de falar, de discutir, de expôr opiniões. Contra: tanta intimidade levaria inevitavelmente a confrontos que resvalariam em outras contrariedades comuns a uma relação de irmãos.
Em 2007, começamos. Ambos trabalhavam (e muito). Ainda tinha faculdade à noite e... o TCC. Tivemos muitas dificuldades - parte delas solucionadas na parceria com o Maike, o homem que emprestou sua ilha de edição e horas da tua vida, ora gravando, ora editando. Tivemos resistência de entrevistados. Enfrentamos 'chás de cadeira' e tivemos limitações estruturais - e psicológicas. Foram muitas idas e vindas até Campinas. Abdicamos de nossas vidas pessoas, renunciamos às madrugadas e lidamos com muitas pressões.
Não foi fácil. O problema(?) da amizade foi latente em diversas vezes. Tivemos de nos questionar e discutir diversas vezes para manter o profissionalismo e sobretudo a própria relação. Entendi outras diversas porque muitas amizades se acabam em relações profissionais. Amigos, amigos, negócios a parte. Ali, estava tudo misturado.
Mas fomos felizes. Encontramos outros parceiros no meio do caminho - Lu Orvat, Leandro Alvares, Felipe Daros, Du Moscovis... E a cada nova parceria comemoramos. Dividimos angústias - e brindes. Brigamos pra cacete; nos abraçamos outras milhares. Conquistamos. Passamos de ano e demos continuidade ao projeto. Nossa meta sempre foi nunca deixar o filme passar em branco. Por um momento, desistimos. Pensamos, covardes, que tudo teria sido em vão.
Hoje, a dois dias da estreia no festival É Tudo Verdade, o mais importante evento de documentários, é como se estivéssemos começando de novo. Com a sensação contraditória de dever cumprido. Mas as contradições sempre foram o fio-comdutor de tudo isso, a começar pelo tema. Como pode o prefeito da segunda maior cidade do Estado ser assassinado e até hoje não se ter respostas para as perguntas básicas: quem e por que matou Toninho?
Por um momento, achamos ingenuamente que encontraríamos a resposta. Mas só o que temos é a certeza de que neste país ainda prevalecem injustiças. Restou fazer nosso papel: lembrar, cobrar e não deixar o assunto morrer.
No próximo dia 10, completam-se oito anos de morte de Toninho. Um cara que não conheci in loco. E que, curiosamente, faz parte da, talvez, mais importante fase da minha vida. Tão dividida, compartilhada e esmiuçada com este meu irmão, Guilherme Manechini. Só tenho a agradecê-lo - à espera de outros novos projetos!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

CONFIRMADO

Depois de muito diz-que-me-diz, está confirmado: The Ting Tings é uma das atrações do Planeta Terra. Dia 7/11, no... Playcenter.

tô monotema mesmo

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

É tudo verdade

Caros,

É com grande alegria que compartilho com vocês a notícia de que o documentário ECOS, dirigido por mim e por Guilherme Manechini, foi selecionado para participar do festival É TUDO VERDADE, que acontece no começo do mês de setembro nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

Este nosso trabalho é resultado de mais de dois anos de pesquisa, mais de 30 entrevistados, noites sem dormir, cortes intermináveis no estúdio, viagens a Campinas e muitas discussões para a finalização do que saberíamos se tratar não apenas de um Trabalho de Conclusão de Curso mas um sonho. Quando começamos o trabalho não sabíamos o quão grande seria este desafio, mas no processo encontramos pessoas que nos deram incentivo para que conseguíssemos mostrar um pouco da trajetória deste grande homem que foi Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT.

Esta notícia do Festival só nos mostrou mais uma vez que valeu a pena! Por isso queremos agradecer a todos que nos ajudaram a realizar este documentário e também convidá-los para assistir as exibições do Festival e comemorar!

Um grande abraço,


Pedro Henrique e Guilherme Manechini


"Dois documentários nacionais inéditos serão lançados dentro do ciclo O Estado das Coisas. “Fordlândia”, de Daniel Augusto e Marinho Andrade, reconstitui a ascensão e queda da cidade erguida nos anos 1920, no Pará, visando acomodar os trabalhadores na exportação de látex. Por sua vez, “Ecos” de Pedro Henrique França e Guilherme Manechini. reconstitui a trágica trajetória de Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, eleito prefeito de Campinas (SP),em 2000, e assassinado em 10 de setembro de 2001, num crime até hoje misterioso e irresolvido"
www.etudoverdade.com.br

DATAS, LOCAIS E HORA DAS EXIBIÇÕES

• CINEMATECA BRASILEIRA (SÃO PAULO - SP) - 01/09 - 20H30
• CINEMATECA BRASILEIRA (SÃO PAULO - SP) - 04/09 - 14H30
• INSTITUTO MOREIRA SALLES (RIO DE JANEIRO - RJ) - 05/09 - 14H00
• INSTITUTO MOREIRA SALLES (RIO DE JANEIRO - RJ) - 06/09 - 20H00

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

sábias palavras

qual a diferença de liderança e ditadura?
ditador: aquele que impõe a disciplina
líder: aquele que inspira a disciplina.

(do maestro Fabio Mechetti, da Filarmônica de MG)

domingo, 23 de agosto de 2009

"nesse perfume barato contém solidão"

Todos por Gainsbourg

Dias 3 e 4/9, tem Jane Birkin e Caetano Veloso no Sesc Pinheiros. Mestre-de-cerimônias: Orquestra Imperial, o coletivo carioca que reúne um monte de gente boa (Moreno Veloso, Thalma de Freitas, Nina Becker, Wilson das Neves...). Motivo: Serge Gainsbourg. Início da venda de ingressos: 4ª (26/8). Preço: R$ 40. Imperdível.

Ele chegou depois, confiante e cheio de vontade



A vida de Diogo Poças parecia predestinada. Filho do maestro Edgard Poças, sempre gostou de cantar. Tinha sólido suporte cultural em casa - e fora dela. "Ainda moleque", a mão do amigo Chico Pinheiro, "a Neusinha", incentivava Diogo a soltar a voz. Fez aulas de canto com Nancy Miranda e trabalhou como assistente de Rodolfo Stroeter na produtora Pau Brasil quando tinha "uns 18 anos". "De repente estava no estúdio, e nunca mais saí."

Mas Diogo Poças andou distraído nos bastidores. Acompanhou de perto a irmã, Maria do Céu (ou só Céu), despontar com estardalhaço na mídia em meados desta década. Justo ela, que sempre foi mais quietinha. "Quando a Céu era molequinha achei que ela seria desenhista. Um dia ela apareceu e cantou. E ficou todo mundo assim (faz cara de 'queixo caído')."

Mergulhado em publicidade, a música para Diogo servia apenas de ferramenta. Até que, no ano passado, conheceu Pepe Cisneros - o produtor que faltava para o start. "Sempre gostei de cantar. E foi até estranho não ter ido por esse caminho." O resultado vem só agora, com Tempo, seu primeiro álbum, que ele lança dia 27, no Sesc Pinheiros. "Dentro de um momento nebuloso no mercado, encontrei uma gravadora (Warner) que me desse autonomia. Aos 35 anos, fiz um trabalho autoral - para mim."

Numa fase em que as gravadoras não ditam o mercado há tempos, Diogo Poças se aliou a uma delas. "As gravadoras vão se adaptar à internet. Já sou um novo produto dessa realidade." Das 13 faixas, Diogo assina sete - sozinho ou em parceria com o pai e os amigos André Caccia Bava e Jessé Santos. Entre elas, desponta o sambalanço de Carioquinha e o reggae Pedacinho de Vida, registrado com Céu (que também comparece em Nada Que Te Diz Respeito).

A temática romântica predomina ("não tem como não falar de amor"). Mas para o músico, escrever não é tanto sua área. "Não sou um cara que compõe muito. Sou brifado." E explica que A Vizinha da Frente foi composta para cantar - no sentido xaveco da palavra - sua atual mulher. Completam o disco versões para Vinicius de Moraes (Saudade do Brasil em Portugal), Gilberto Gil (A Linha e o Linho), Antonio Almeida e João de Barro (Felicidade) e Glenn Miller e Mitchell Parish (Moonlight Serenade).

Sempre de sorriso aberto, Diogo agradece ao repórter, com abraço, o espaço na mídia. Aos possíveis 'cri-cri' de plantão, defende que o lançamento simultâneo com a irmã foi apenas coincidência. Reforça que as influências são "diferentes" ("ela ouvia Fela Kuti, eu, Dick Farney"). E tece elogios à irmã seis anos mais nova. Conta que, juntos, monitoram o que sai sobre eles em blogs e comunidades de relacionamento. Um dia deparou-se com um tópico que sondava onde sua irmã morava. Entre um chute e outro, surpreendeu-se com uma resposta: "Gente, vocês estão desligados. A Céu mora no prédio ao lado." Para Diogo, a frase representa a essência da sua irmã: "Ela é simples, possível. Ela está no prédio ao lado."

Paulista da gema, Diogo sabe que está em uma profissão de risco. Reconhece que tem a voz 'pequena, mas está surpreso com sua cara de pau. E estima conquistar um público diferente da irmã. "Meu show não é necessariamente para dançar. Quero que ele seja um acontecimento musical. E acho que estou chegando lá".

*Publicado no Caderno 2, n'O Estado de S. Paulo de 20/8/2009

Ela só pensa (e faz) na bubuia




Diogo Poças talvez nem saiba, mas sua irmã Céu revelou, em conversa com o Estado, que o 'culpado' por fazê-la investir em música foi ele. Diogo queria testar um instrumento novo e pediu para a irmã acompanhá-lo em Por Causa de Você (Dolores Duran e Tom Jobim). "Depois, fiquei escutando e pensei 'poxa, eu gosto disso'."

Por ironia do destino, quem saiu à frente foi ela. Enquanto o irmão mais velho se dedicava à publicidade, Céu decidiu vencer a timidez e encarar a carreira de cantora. Em 2004, lançou seu primeiro álbum. Com muitas referências da música negra e bases eletrônicas, foi um dos nomes mais falados naquele ano, quando se mostrava algo de novo na música brasileira. E ela manteve os pés no chão. "Claro que me surpreendeu (a repercussão), não sabia nem que podia compor. Mas de alguma maneira, não levei tudo aquilo a sério."

Céu foi rodar o País, a Europa, os Estados Unidos. No meio do caminho, ela engravidou e teve uma filha. E quis se dedicar à pequena Rosa, hoje com 1 ano. A expectativa pelo segundo trabalho é testada somente agora, cinco anos depois, com Vagarosa, seu novo álbum independente que chegou esta semana ao mercado.

Para ela, o intervalo não foi "tanto tempo assim". Céu diz que precisava de uma pausa para contar novas histórias. No disco, ela dá continuidade à unidade musical. Mas investe agora em uma "sonoridade mais tocada, orgânica, crua". As referências permanecem, mas para essa principal mudança entre um disco e outro, inspirou-se em Transa, de Caetano Veloso, e Revolver, dos Beatles.

Foi um processo realizado aos poucos. Ela chegou a lançar o EP Cangote, com quatro faixas. Destas, apenas Visgo de Jaca não entrou no álbum. "Já vinha fazendo essa música nos shows há algum tempo. Ficou como um registro especial." Já Vagarosa, Sonâmbulo e Bubuia, que estavam no EP, tiveram espaço também no álbum oficial. Esta última, inclusive, é uma parceria, com Anelis Assumpção e Thalma de Freitas. E simboliza bem a forma de Céu levar a vida. O termo (do Norte, segundo ela) foi apresentado pelo padrasto, Sérgio Bandeira. Significado: uma espécie de espuma que borbulha sobre as ondas. "Achei bonito isso. É algo como ir 'na maciota', devagar."

De releituras, ela traz Rosa Menina Rosa, de Jorge Ben Jor - numa homenagem à filha e ao compositor que tanto admira. E convidou Luiz Melodia para dividir os vocais em Vira Lata.

Desta vez, Céu não se juntou apenas a Beto Villares, produtor de seu primeiro álbum. Por conta de outros trabalhos, Villares participou mais do início do processo. Somam à dupla Gustavo Lenza e Gui Amabis.

Como no álbum anterior, ela inicia com uma introdução (Sobre o Amor e Seu Trabalho Silencioso). É uma forma de ela 'roteirizar' o conteúdo final. O conceito vem ao encontro da sua nova vontade: cinema. Céu, que já colaborou com Cidade Baixa, Filhos do Carnaval e Senhor das Armas, diz ter vontade de assinar uma trilha sonora. "Acho interessante sair do seu ponto de vista para entrar no que o diretor quer." E ela sonha alto. "Adoraria trabalhar com Pedro Almodóvar", diz, com sorriso entrecortado.

Com patrocínio da Natura Musical, a turnê começa dia 27 em Porto Alegre. Aporta em São Paulo de 2 a 4 de outubro, no Auditório Ibirapuera. Sem pressa, na bubuia.

* Publicado no Caderno 2, n'O Estado de São Paulo de 20/8/2009

dias de preguiça

Foi uma semana intensa. Capa nostálgica de Roberto Carlos, organização de festa, detalhes de festival. Momentos de 'parem o elevador que eu quero descer'. No fim, deu tudo certo. Capa feita, balada sem incidentes, inscrição tudo ok. Agora to curtindo a preguiça. E retomando esse blog vagaroso, na bubuia.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Brasil, mostra tua cara

Nas ruas, os adesivos de 'Fora Sarney' crescem. Em panfletos, passeatas ou apenas colado aos carros. A corda está estourando. E sinto uma nostalgia caras-pintadas surgindo por aí. Será mesmo que teremos de ir até as últimas consequências para vê-lo 'deposto'. Será mesmo que o PT vai continuar sustentando essa situação? Não me parece nem um pouco confortável - para o povo, para Lula, para o PMDB. A coisa está começando a feder.

livres, leves e soltos

No último fim de semana, São Paulo recebeu os dois líderes dos Los Hermanos. E eles não estavam juntos novamente, como nos shows de abertura do Radiohead. Separados, em regiões distantes, Marcelo Camelo (no Sesc Pompeia) e Rodrigo Amarante (na Via Funchal) retornavam à capital para mais uma vez apresentar suas respectivas carreiras solo. E como estavam felizes - livres, leves, soltos...
Ao lado dos novos parceiros Fabrizio Moretti e Binki Shapiro, Amarante não conseguia conter tamanha felicidade (dizem, impulsionada por algumas doses a mais). Repetia diversas vezes o quão estava satisfeito de tocar numa casa enorme para uma galera que sabia quase todas as músicas do (curto) set list. Ao contrário das apresentações da primeira turnê no início do ano, na Clash, o Little Joy tocou na Via para um público muito mais preocupado em se divertir do que em caprichar no figurino indie/fashion e na postura blasé. Saíram ovacionados, em plena festa.
Do outro lado da cidade, Marcelo Camelo encerrou ontem a turnê de 'Sou' em SP. E muito, mas muito mais solto do que nas apresentações do Citibank Hall e do Sesc Pinheiros (sem falar no frio e constrangedor show do Tim Festival, que precedeu essas outras duas). Já ao telefone, dias atrás dos shows, Camelo estava muito mais relaxado, sem recorrer às filosofias das notas, dos acordes, das poesias. Estava objetivo, direto e simpático. No palco do Sesc Pompeia, ele reforçou tudo isso. Transbordava felicidade, agradeceu São Paulo diversas vezes por tê-lo acolhido (ele mora atualmente em Pinheiros - dizem por conta da namorada Mallu Magalhães). Seu affair, inclusive, compareceu para o duo em 'Janta', mais próximos do que de costume (cantando no mesmo microfone). Ao final, Camelo convocou todo mundo ao palco e saiu extasiado, com sensação de dever cumprido. Aqui do lado de fora fica a sensação de que separações muitas vezes podem ser benéficas para cada um expressar seu lado criativo com mais liberdade. Ou como disse Camelo, é bom não ter que conjugar seus devaneios com os de outro alguém. Ser sozinho pode ser mais lucrativo do que se pensa.

corpos assimétricos


cena de Bach
Ontem fui ver o grupo Corpo. Já tinha tido contato com dança contemporânea, em uma pauta recente para falar sobre Pilobolus e outros espetáculos. Mas não tinha ainda visto o grupo mineiro. E o que pude ver ontem foi uma experiência inexplicável. A palavra contemporânea cola ao seu ouvido do início ao fim, como um eco intermitente. O corpo de dançarinos se expressa com o corpo sob a condução de Rodrigo Pederneiras. E que bom saber que este marco brasileiro é, com justiça, histórico e fundamental.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

sem palavras

hoje, mais do que nunca, eu acredito e reforço: os sonhos não envelhecem, se renovam.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

quem vai, vai


Restam poucos (poucos mesmo) ingressos pro show do Beirut, dia 11/9, na Via Funchal.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

eles estão de volta

depois do tim festival 2005, o quarteto americano the killers retorna ao país dia 21/11. desta vez, na chácara do jockey. e, ao contrário do que se esperava, não é pelo planeta terra. ingressos a venda a partir do dia 10. De R$ 200 (pista) a R$ 350 (pista premium).

terça-feira, 4 de agosto de 2009

trilha do finde

Hot Chip e sua Ready for the Floor. Pra agitar a pixtinha maluuuca!

a explicação da censura

Depois de entrar na Justiça contra o jornal O Estado de S. Paulo, proibindo publicações com relação às gravações que comprovam o paternalismo e a farra de cargos, o neto Sarney se explicou. Disse que o que fez não pode ser visto como censura. Ah, vá!

Leia a íntegra abaixo.

"Como empresário da área de Comunicação, com atuação permanente no setor há quase 30 anos, sempre defendi a liberdade de imprensa e a livre manifestação de opinião, e jamais promoveria ou apoiaria qualquer iniciativa que pudesse ser interpretada como censura.

É lamentável, portanto, que uma decisão judicial que simplesmente exige o respeito a garantias constitucionais inerentes a todo cidadão - intimidade, privacidade, honra e imagem - esteja sendo apresentada como forma de censura à imprensa, que vem divulgando, ilicitamente, informações sob sigilo expressamente imposto pelo Judiciário.

Ao recorrer à Justiça contra o que considero uma injustiça e uma violência contra mim e a minha família, apenas defendi direitos que me são assegurados pela Constituição.

Considerar o uso de um direito legítimo como uma maneira de impor censura à imprensa não passa de tentativa de distorcer os fatos.

Atenciosamente,

Fernando Sarney"

tudo em pizza

E é uma novela sem fim. O líder do PMDB no Senado defende seu colega, o presidente. E há algum tempo era justo ele o político a renunciar em razão das denúncias da 'amiga' Monica Velloso, com quem tivera um filho de uma relação extra-conjugal (diga-se de passagem um mulherão). E a novela PMDB-Sarney-Renan Calheiros está aí em cena. Renan voltou à política depois de uma desavergonhada denúncia com relação à pensão paga ao rebento. E é ele hoje um dos principais defensores da permanência do outro peemedebista, há dois meses surrado por sucessivos escândalos (o mais recente envolvendo o neto e a farra de cargos na família maranhense). Ontem, após o recesso de duas semanas, os senadores voltaram à ativa (?). Sarney abriu a sessão e saiu de fininho para não acompanhar o óbvio bate-boca. Dissidente do PMDB, Pedro Simon abriu as honras. "Se o presidente Sarney achar por bem renunciar à presidência, será um grande gesto dele. Se Vossa Excelência José Sarney não fizer isto, será o que Deus quiser", disse. Foi interrompido pelos defensores Renan Calheiros e Fernando Collor de Melo. Até onde chegaremos assim?

dias de beverly

Campos é uma experiência de dois caminhos. Se você é da elite vai passar o dia em Capivari. Vai fazer muitas compras, disputar mesinhas apertadas no Baden Baden e pagar R$ 20 na cerveja. Vai usar roupas bem pesadas, ainda que um sol de 18º lhe faça companhia. Você vai desfilar o carrão do ano. Ou deixar aquele seu 'médio' na garagem e ficar sonhando com uma Tucson ou um novo modelo Mercedes-Benz. De quebra, vai jantar em algum restaurante com 'deliciosos' shows de música ao vivo. E gastar rios de dinheiro com chocolate Montanhês. E inventar outras tantas necessidades que o ser-humano tem: trocar de celular, comer crepe e levar lembrancinhas. Mas um 'miniferiado' em Campos não é exatamente assim. Ele pode ser apenas Campos. Ele pode ser vaca atolada, macarrão a bolonhesa e pernil com mandioca. Pode ser bolo de pão de queijo logo depois de uma refeição pesada, e pode acompanhar pinhão ou algum outro 'tempero'. Pode ser tarde, porque você nunca vai acordar antes do meio-dia. Pode ser café-da-manhã caseiro, com tostex e o cigarrinho matinal. Pode ser edredom esticado na grama e umas doses de vinho antes da tarde cair. Pode ser turista, sim, com trenzinho e show grátis na pracinha. Pode ser Itaipava a R$ 4,50, com Mallu Magalhães de brinde. Campos também é chocolatinhos mais em conta, da concorrência (porque lembrança faz parte). Campos é taça quebrada na madrugada, fogueira sem fim, batalha de Ipods. É pistinha na sala, descalço, sem cartão de consumação, sem fila e só gente boa. Campos é Marilia Gabriela e derivações de uma mesma abertura. É dias de Los Angeles com buena onda de Bebedouro.