quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

coisas de maninho


A gente se lembra bem do primeiro momento em que de fato nos conhecemos. Como não poderia deixar de ser: no bar. Ele, com aquele jeito sussa; eu com minha vontade de ficar até o último segundo, ou o último gole. Ele era, na verdade, um 'intruso' da sala - estava atrasado e ia recomeçar com a nossa turma. Eu, panelinha que sou, fingia nem notá-lo. Até que naquele dia, no "xexelento" boteco Real, as horas foram se passando. E entre uma debandada e outra sobrou nós dois - os tranqueiras. Ali permanecemos até as portas baixarem; ali nos conhecemos. No dia seguinte, já nos falamos e marcamos, então, uma, duas, três cervejas...
Muitas coisas (boas e ruins) rolaram durante todos esses anos do lado de lá e do lado de cá. E um sempre esteve do lado do outro para qualquer emergência e conflitos. Assim como para qualquer cerveja ou papo pro ar. E foram incontáveis vezes que essas situações (boas e ruins) se repetiram. Num filminho bodeados em casa, num churrasco em Cotia, numa cerveja sem compromisso; nos diversos aniversários e reuniões familiares, numa balada intensa de horas (e risadas) a fio. Ele entrou na minha família; e eu na dele.
Até que numa dessas cervejas, na mesa da cozinha da casa dele, por volta de outubro/novembro de 2006, ele me vira e pergunta o que vou fazer de TCC. Após contar meu projeto passo a passo, ele diz: "pô, tá precisando de um parceiro?". No início, hesitei. Não sou nehum exemplo de CDF, mas ele bem menos. Ao mesmo tempo, sentia firmeza no que aqueles olhos (já baixos) me transmitiam. Mesmo assim, ainda em dúvida, topei. E jamais me arrependi. Tivemos momentos difíceis, é verdade. O que era esperado. Escolhemos um tema complicado e, o pior, documentário. A dificuldade, porém, só nos trouxe dádivas. Durante dez meses de 2007, fomos diversas vezes a Campinas, ficamos infindáveis horas em ilha de edição e testamos todos os limites de convivência que uma amizade poderia suportar. Pois ela suportou, quase que no limiar, quase por um fio. E só suportou porque existe uma verdade nesta relação que é estritamente inabalável.
Eu xingo; ele xinga. Ele resmunga; eu reclamo. Ele gosta de rap; eu de MPB e samba - e quase saímos na porrada, várias vezes... Por uma única razão: porque nos conhecemos em cada expressão, em cada tom de voz, em cada ação e reação. Porque, mais que amigos, somos, sobretudo, irmãos. Ele, filho único, diz que eu sou o irmão que os pais dele não puderam lhe dar. Eu, com um irmão mais velho, afirmo que ele é irmão de vida tanto quanto um irmão de sangue. Porque se ele está mentindo, eu sei; se ele está com algum problema entalado na garganta eu também sei; se quero falar algo que uma amizade frágil não permitiria eu falo. E isso é recíproco. É coisa de alma.
Foram quatro anos desde que eu o conheci naquele tal bar "xexelento". E hoje, além de um filme/sonho que tem tudo para dar certo, colecionamos histórias que estão pra sempre registradas. Olhando para trás, lá em novembro de 2004, penso que parece muito mais: que nos conhecemos desde molequinhos, pivetes. Porque isso deve ter ocorrido, numa outra vida, talvez... Ele, é o Gui, que divide problemas, pede conselhos e o primeiro a dar o ombro e dizer "vamos nessa". Eu, o baixinho, o tranqueirinha, que dá trabalho, que puxa a orelha, vira a cara e quer matar às vezes. E depois chama a atenção no MSN, como aquele irmão mais novo que faz merda e não sabe como se desculpar. E ele responde, chamando atenção, "pedro henrique o terrível barack frança".
Ele, Gui; eu, Pedrinho. Nós? Irmãos. Pra sempre parceiro.

4 comentários:

Anônimo disse...

Puta que pariu, Pê! Linda declaração de amizade/amor! Me arrancou vários sorrisos durante a leitura. Vocês são duas criaturas muito especiais e deve ser por isso que esse encontro aconteceu e se transformou nisso tudo! Saudade que não cabe no peito! Sempre contigo em amor, amizade e pensamento!

Renata Megale disse...

Guiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
bataaaaaaaaaaaataaaaaa
eu bem vi estes dois juntinhos e tenho certeza que o projeto ainda vai frutificar muito porque tudo que vocês fazem é ao extremo e com muita garra! beeeeejo não esquece!

Ecos - vida e morte de Toninho do PT disse...

e ainda tem tanta história, né parceirinho?! já trabalhamos juntos, passamos por diversos apuros (alguns bem intensos), pegamos pesado um com o outro, meus amigos viraram seus e os seus viraram meus, milhares de shows rolaram, baladas então..., melhor parar..."vamos embora, ph? tá na hora"

Georgia Nicolau disse...

me fez chorar!
lindo texto pedroca. me fez lembrar de um domingo recente e ensolarado com a dupla. depois de tanto tempo sem vê-los, reencontrar os dois juntos foi pura alegria.
depois que vocÊs foram embora fiquei poensando como vocês são dois parceirinhos de vida, totalmente positive vibrations, do jeito que a gente gosta!
que assim seja, pra sempre.
um beijo nos dois e persistência no sonho!!