segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Escolhas tortuosas

Desde que vi o trailer, fiquei curioso pela nova trama de José Eduardo Belmonte. O teaser de "Se Nada Mais Der Certo" mostrava de antemão que a violência (tão explorada no nosso cinema) ali não seria gratuita. Que Belmonte saberia criar uma trama de ficção com emoção e tiros na dose certa. Veio a estreia no início de agosto e fui adiando os planos, por falta de tempo, de companhia, de atitude. Ontem resolvi encará-lo. Havia apenas uma sessão no HSBC, às 14h30. E renunciei à vontade de curtir o sol, para me livrar dessa 'pendência' pessoal. Fui sozinho, sem lembrar ao certo o que iria ver. Belmonte e 'Se Nada Mais Der Certo' foi uma boa surpresa. Um cinema brasileiro de poucos recursos e de história contudente. Um drama peculiar, que tem sarcasmos, tem política, tem diversas verossimilhanças. Ao centro, Cauã Reymond, Caroline Abras (Marcin? Marcinho ou Marcinha?) e João Miguel despontam como três frustrados que lutam pela sobrevivência. A princípio, cada um a seu modo. Depois, unidos pelo 'fim da linha', iludidos por uma nova escolha. Luiza Mariani convence com sua anorexia esquizofrênica. Uma soma de virtudes coloca 'Se Nada Mais Der Certo' como um dos mais interessantes filmes nacionais que assisti nessa atual produção. E não que eu seja contra a violência nua e crua, como os brilhantes 'Cidade de Deus' e 'Tropa de Elite'. Mas aqui ela está na classe média, sendo utilizada em dramas particulares de fácil identificação. Um belo drama nacional.

domingo, 27 de setembro de 2009

trilha de fim de tarde

stop-motion massa e trilha idem.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

no samba me criei

depois de um belo samba conferido ontem no ó do borogodó, o clima hoje é de batucadas, mão ao alto, canção no gogó. e uma leve dor de cabeça, claro.

domingo, 20 de setembro de 2009

paris em londres

Tiê, uma das revelações já comentadas por aqui, fala coisas no palco sem o menor embaraço. Ela já disse, com mãos na barriguinha, que grávidas além de sensíveis ficam burras (oi?). Mas essas pérolas, como tantas outras já soltadas, se tornaram características e cativam (!) a plateia. Para falar deste clipe acima, ela explicou em cena que ele havia sido rodado em Londres e não em Paris como ela queria (e combinaria com a situação). "Mas, ah, pelo menos é internacional". Então tá.

paulinho na justiça


Nova confusão na área com Paulinho da Viola. Depois do rolo do cachê (Paulinho reclamou que havia discrepância de valores com relação aos demais artistas em um show numa praia carioca), o sambista é alvo de uma ação judicial da gravadora por quebra de contrato.
"A BMG ajuizou ação na Justiça alegando quebra contratual entre o artista e a empresa. De acordo com o processo, Paulinho e a gravadora assinaram, em outubro de 2007, um contrato de agenciamento exclusivo de carreira artística, direito de uso de imagem, som de voz, entre outros. Porém, após os shows realizados entre 10 e 19 de julho no Canecão, o cantor não repassou o valor devido à BMG, que havia lhe adiantado a quantia de R$ 400 mil. Para os desembargadores, o contrato em questão estabeleceu um regime equilibrado de direitos e obrigações entre a empresa agenciadora e o artista, já que este não se encontrava impedido de buscar oportunidades de espetáculos para apresentar-se, desde que a contratação se formalizasse através da ação da agenciadora".
Ainda segundo o processo, foi determinado o bloqueio de 20% da renda dos shows realizados no Canecão. Diante de tudo isso, curiosamente a gravadora tenta atenuar a situação. Em nota, afirma que "o contrato da empresa com Paulinho da Viola permanece em vigor e ambas as partes continuam a despender seus melhores esforços no sentido de dar continuidade à carreira desse grande artista. A existência do processo é meramente circunstancial e transitória estando sob análise do poder judiciário carioca". Vai entender...
Em tempo: Paulinho faz show por aqui, no Citibank Hall, de 16 a 18/10.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

por sua conta e risco

é a tal diversidade brasileira... meu deus!

dia a dia lado a lado

tulipa ruiz, marcelo jeneci e laura lavieri..

terça-feira, 15 de setembro de 2009

repeteco

o youtube desativa, a gente coloca de novo.

na pista

nova homenagem ao showman patrick swayze, que morreu ontem. em uma das melhores cenas de dança do cinema. um clássico.

só a whoopi salva

pequena homenagem a um dos filmes (e trilha) mais reproduzido na Globo e tantos outros canais pagos. Anteontem, curiosamente, me prendi a um deles e vi os trechos finais da história maluca do cara que morre, mas continua aqui, incorpora na Whoopi Goldberg e vê seu melhor amigo querer levar a ex-mulher (e todo o dinheiro). Um dia depois, o 'ghost' Patrick Swayze morre. Alguém viu a Whoopi por aí?

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

a abertura

recomendo ver na íntegra no cinema. mas àqueles amigos preguiçosos que eu sei que não vão 'até lá', fica o prólogo de anticristo.

as últimas duas semanas

Estreia dia 28/10, nos EUA, e dia 30, no Brasil, o documentário 'This is It' sobre a turnê homônima', que o mundo inteiro esperava ser a retomada de Michael Jackson (ou pelo menos sua recuperação financeira). O Rei do Pop morreu. Fica o registro.

AC/DC - Confirmado

O blog já sabia na semana passada, mas esperou a confirmação oficial. A própria banda anunciou hoje em seu site oficial (www.acdc.com) a vinda ao Brasil. Data: 27/11. Local: Estádio do Morumbi. Valores: a confirmar. Início da venda de ingressos: 1º/10.

porque von trier é foda



O primeiro filme que assisti de Lars Von Trier foi 'Dançando no Escuro'. Muitos fãs vão me achincalhar, mas eu não consegui gostar - muito por conta daquele chororô intermitente da Björk (do qual só me recuperei após o carnavalesco e bom show dela aqui no Tim Festival). Quando fui ver 'Dogville' tinha, portanto, um pé atrás. Saí ao final impressionado. Todo encenado em um teatro, sem cenários (paredes), a trama estrelada por Nicole Kidman me deixou embasbacado. Novamente, Von Trier colocava o dedo em riste para jogar na cara valores éticos e morais deturpados. Assim foi com Manderlay, em uma escala menor (ainda prefiro Nicole).
Ontem fui ver ao seu mais novo e polêmico 'Anticristo'. Desta vez, o diretor envereda para um terror psicológico que aflige e perturba o espectador. O drama de uma mulher que perde o filho e tenta se curar com o marido terapeuta é claustrofóbico. Von Trier reconheceu que 'Anticristo' foi uma terapia para ele mesmo - o dinamarquês estava no auge da síndrome do pânico.
Charlotte Gainsbourg (divinamente no papel da mulher e merecidamente premiada em Cannes) chegou a afirmar que no set o receio era latente de que Von Trier abandonasse as gravações a qualquer momento. O sofrimento 'dela' em cena serve de espelho ao seu próprio criador.
Charlotte e Willem Dafoe protagonizam o longa brilhantemente. Há cenas fortes e aterrorizantes - a mutilação do clitoris e a porrada que ela dá no pau do cara, para em seguida masturbá-lo até o jorro de sangue, são de fato muito fodas (para ficar apenas nessas).
'Anticristo', porém, não é apenas um choque gratuito. Von Trier faz no prólogo e no epílogo uma das cenas mais lindas que já vi no cinema. Sobretudo faz uma digna e relevante reflexão sobre o sentido da vida. Até onde podemos ir. E o que em nossa volta realmente importa. O quão estamos apenas a passeio diante de algo que tanto valorizamos: a vida.

salve, salve

O Música, bodices e cerveja andou ausente nos últimos tempos. Ou melhor, esteve presente, mas monotemático. É que foram muitas emoções nos últimos dias. Junto de meu parceiro Guilherme Manechini, vivi nosso documentário intensamente (vocês estão cansados de saber qual e sobre o que, rs). Festival em SP, edição carioca e uma série de exibições em Campinas. A história ainda não acabou e continuamos atrás de outros festivais. Agora, é torcer. Mas a partir de hoje tentarei noticiar no blog apenas o que for relevante com relação ao filme. E deixar de utilizá-lo como espaço para clipping. Vamos avante falar de tudo um pouco.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

ecos na manchete do correio popular

Documentário reconta a trajetória de Toninho
Oito anos após assassinato, Ecos resgata obstinação do prefeito
Rose Guglielminetti
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
rose@rac.com.br

O desespero de uma família para encontrar respostas. As justificativas de autoridades para dar essas respostas. Acusações do descaso da polícia. Um assassinato que foi “apagado” após o ataque terrorista às torres gêmeas nos Estados Unidos. Promessas que não foram cumpridas. Traição e abandono. Dor e impotência. Uma filha sem o pai. Uma mulher sem o marido. Uma mãe sem o filho. Um irmão sem o irmão. Uma cidade sem o seu prefeito.

Todos esses capítulos estão em uma produção que poderia ser de ficção, mas é um documentário com personagens reais e depoimentos que revelam frustração. Ecos é um filme que conta a trajetória de um campineiro obstinado, um arquiteto com os olhos voltados para o planejamento urbano, um homem que se preparou para ser prefeito, mas uma bala fez com que ficasse na principal cadeira do Palácio dos Jequitibás apenas nove meses. Ecos conta a história de Antonio da Costa Santos (PT), prefeito de Campinas, assassinado no dia 10 de setembro de 2001, crime que completa oito anos de uma investigação com mais perguntas do que respostas.

O documentário de Pedro Henrique França e Guilherme Manechini refaz a trajetória de vida de Toninho quando ele ainda atuava na Assembleia do Povo, passa pela sua luta pela preservação do patrimônio histórico de Campinas, conta a sua eleição para vice-prefeito na chapa encabeçada por Jacó Bittar (então PT, hoje no PSB) e o rompimento com o então prefeito, além de mostrar as ações na Justiça contra empreiteiras. O documentário traz imagens de suas campanhas eleitorais, a falta de apoio de militantes do PT em alguns pleitos, a sua quase expulsão do partido na briga contra Bittar e a sua vitória em 2000, dessa vez, com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, até o seu assassinato em 2001.

Mas os depoimentos apenas retratam os fatos, sem qualquer novidade além do que já foi noticiado até hoje pela mídia. Mostram os “furos” da polícia na investigação, o desespero da família pela condução equivocada na apuração do crime e a frustração por ver que os caciques do partido, inclusive Lula, nunca se esforçaram para tentar encontrar as respostas que ainda dão nó na garganta dos parentes de Toninho. “Achava que teria apoio de Lula, apoio que ele prometeu em comício com mais de 20 mil pessoas, mas nunca veio. A Polícia Federal nunca entrou no caso. Virei persona non grata no PT”, reclama Roseana Garcia, viúva de Toninho.

A família sempre defendeu a entrada da PF no caso — a Polícia Civil diz que o prefeito morreu porque estava no lugar errado e na hora errada, e a família e amigos acreditam piamente que foi um crime político. Para a polícia, quem matou Toninho foram os integrantes da quadrilha do sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho. Os tiros teriam sido disparados porque Toninho atrapalhava a fuga do bando. A arma do crime nunca foi encontrada. A Justiça, porém, não aceitou a denúncia e quer mais investigações. “Está tudo parado”, lamenta Roseana.

Os cineastas procuraram ouvir todos os envolvidos direta ou indiretamente no crime. Entre os amigos ligados à vida pública, há depoimentos de Gerardo Melo, Durval de Carvalho, André Guimarães e Nilson Lucílio. Da família, há depoimentos de Roseana; da filha, Marina dos Santos; do irmão Paulo Roberto dos Santos e da mãe, Clemência dos Santos. O caseiro Léo também é ouvido na Casa da Tulha, onde Toninho morou. Ele conta que costumava dizer: “O senhor nasceu com esse destino (ser prefeito)”.

Da Polícia Civil, são ouvidos o delegado seccional Osmar Porcelli, responsável pela investigação nos primeiros meses; Luiz Fernando Guimarães, então delegado da Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e Marco Antônio Petrelluzi, ex-secretário estadual de Segurança. Os promotores Fernando Vianna e Ricardo Silvares, que ofereceram a denúncia apontando a autoria do crime à quadrilha de Andinho, explicam por que chegaram a essa conclusão. Também há depoimentos de jornalistas que cobriram o caso, como o da repórter do Correio na época e hoje secretária de redação Zezé de Lima. Há também depoimentos de dois dos quatro acusados pelo assassinato — Flávio Menezes, o “Flavinho”, e Globerson Luiz Moraes da Silva, o “Gro”. “Falei que era eu porque não aguentava mais apanhar”, disse Flávio no filme.

Para muitos dos personagens, Toninho ainda foi prejudicado pelos ataques às torres do Word Trade Center dia 11. Tanto que vários jornalistas da mídia nacional que estavam pautados para a cobertura do velório reconheceram que o assunto perdeu valor quando foram divulgados os ataques. “Se não tivesse tido o 11 de Setembro, a mídia teria explorado mais e a pressão (pela investigação) seria maior”, afirma Roberto Cabrini, hoje na Record.

Mito ou vaidade?

E um dos momentos mais tensos do documentário é justamente o depoimento do promotor Silvares, que afirma que “é um mito achar que Toninho foi assassinado porque mexeu com interesses empresariais”. “Ele só teve nove meses (no poder). Apenas o contrato do lixo teria algo e mesmo assim são relatos de uma testemunha que ouviu alguém dizer algo”, disse. A irritação de Roseana é transparente quando os cineastas mostram essa cena para ela. “Como ele não mexeu com interesses? Toninho tinha processos contra construtoras, contra o Quércia (Orestes Quércia, PMDB, ex-governador de São Paulo). Tem que ser investigado. Estamos à mercê da vaidade da Justiça”, lamenta Roseana, endossando a mensagem em faixas espalhadas ontem por Campinas cobrando investigações e dizendo que o crime é político. Ao que completa o então ouvidor das polícias Civil e Militar Firmino Fecchio: “Esse é um caso clássico de negligência e omissão das autoridades do Estado, que estão em dívida com a família”.

As fotos do velório também provocam um nó na garganta. E até os mais resistentes podem não resistir às lágrimas ao ouvir o último recado deixado por Toninho na secretária-eletrônica do celular de sua única filha, na época com 14 anos, no dia em que foi assassinado, o último que recebeu do pai: “Marina, minha filha. Orgulho da minha vida. Pessoa que mais adoro em 6 bilhões de habitantes”. Até hoje, essa voz é guardada como um tesouro e, de tempos em tempos, ouvida para matar a saudade.

PONTO DE VISTA

Roseana Garcia
Psicóloga, viúva de Toninho

Memória recuperada

Desde que Antonio morreu, venho lutando para obter respostas e sempre desejei que houvesse um registro de todos os fatos que cercaram o seu assassinato. A atuação da polícia, o descaso da Promotoria. Queria mais do que isso, queria um registro que mostrasse a trajetória política e o combate à corrupção feito por Antonio, uma bandeira que ele sempre defendeu. Cheguei até a pensar que alguém poderia escrever um livro ou fazer um filme. E, por coincidência, o Pedro e o Guilherme se interessaram pelo tema e fizeram o documentário. Foi o primeiro trabalho deles e de muita qualidade. Tanto que o documentário teve ótima repercussão na estreia, na cinemateca de São Paulo, e teve a qualidade reconhecida pelo festival de cinema

É Tudo Verdade. A maioria das pessoas que assistiu não sabia da trajetória de Antonio e ficaram indignadas e solidárias.

O melhor de tudo isso é que esse filme vai ajudar na minha luta, pois os meninos ouviram muita gente, todos os lados e mostram isso de maneira muito inteligente. Vou percorrer vários bairros de Campinas para apresentar o filme.

A memória de Antonio não pode ser esquecida.

Crime foi ‘apagado’ pelo 11 de Setembro

O principal objetivo dos jornalistas Pedro Henrique França e Guilherme Manechini foi devolver a importância do assassinato de Toninho, apagado pelo 11 de Setembro. “Era uma história interessante e nebulosa que acabou perdendo força com o atentado nos EUA. Não descobrimos nada de novo, mas mostramos todas as faces desse crime, que é um escândalo ficar escondido”, disse França. Ecos, trabalho de conclusão de curso na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), começou por acaso. “A Roseana e a Marina vieram morar em meu prédio (após o crime, elas se mudaram para São Paulo). Acabamos ficando amigos e decidimos que valia a pena trazer essa história à tona.” A coleta de depoimentos, diz, não foi fácil. “A polícia deu muito trabalho e as grandes estrelas do PT. O Zé Dirceu pegamos no pulo em um evento interno do PT. No fundo, o objetivo foi mostrar as várias teses e nenhuma resposta.” (RG/

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

vocês podem 'ver' aqui por favor

zach condon, do beirut, totalmente breaco em salvador.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

terça-feira, 1 de setembro de 2009

ê família boa

Luiz Chagas, Gustavo Ruiz e Tulipa. Só podia dar nisso: biscoito fino.

bocadim de music

indicação de Aline Stivaletti. Gostei

no estadao.com.br

Após 8 anos, documentário discute morte de Toninho do PT

'Ecos', que estreia nesta terça em festival, confronta tese de 'crime comum' com 'assassinato político'

Fernando Martines, de estadao.com.br


SÃO PAULO - Na noite do dia 10 de setembro de 2001, o então prefeito de Campinas Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, foi assassinado a tiros em uma avenida ao lado de um shopping center da cidade. O que seria o acontecimento de maior destaque nacional naquele dia 11, acabou ficando relegado quase ao esquecimento: horas depois do homicídio, Mohamed Atta assumiu o controle do voo 11 da American Airlines e jogou a aeronave de encontro ao World Trade Center. A queda das Torres Gêmeas levantou uma névoa sobre o assassinato do prefeito de Campinas que até hoje não foi dissipada.



Passados oito anos sem esclarecimentos, a história é retomada pelos jornalistas Pedro Henrique França e Guilherme Manechini, no documentário Ecos. O filme, que estreia nesta terça-feira, 31, no festival É Tudo Verdade, em São Paulo, traz depoimentos de Roseana Garcia, ex-mulher de Toninho, Marina Santos, filha do casal, companheiros de militância além de delegados e promotores envolvidos na investigação do caso.



Veja também:

video Entrevista com o co-diretor Pedro Henrique França e trechos de 'Ecos'



Eleito no ano de 2000, com 59,07% dos votos, Toninho comandou Campinas por apenas oito meses. Na noite do dia 10 de setembro do ano seguinte, quando passava por uma avenida próxima ao shopping center Iguatemi dirigindo seu Fiat Palio, o então prefeito foi alvejado por três tiros. Um deles atingiu o coração. Toninho não resistiu e faleceu dentro do veículo.



Ecos recapitula todos os detalhes do caso e reaviva a grande discussão em torno dos acontecimentos: o assassinato de Toninho foi um crime "comum", cometido por criminosos que apenas queriam se livrar de alguém que atrapalhava sua fuga ou teve alguma motivação política?



O documentário de Pedro Henrique França e Guilherme Manechini mostra que a família repudia a versão apresentada pelo Ministério Público de crime "comum". Em entrevista ao estadao.com.br, Marina afirma: "Eu e minha mãe (Roseana) não temos dúvidas que a motivação do assassinato do meu pai foi política". O filme traz depoimento de Nilson Lucílio, secretário de finanças do governo Toninho, que garante que, antes de ser assassinado, o ex-prefeito mexeu com diversos interesses empresariais e políticos da cidade.



Ecos vai em busca das versões de cada uma das partes envolvidas no caso para que respondam questões óbvias, porém até hoje sem esclarecimento. Foi um crime político ou comum? Quem atirou? Por quê? Foi uma coincidência ter sido o prefeito da cidade?



A 1ª versão



No dia seis de outubro de 2001 o delegado Osmar Porcelli, afirmava ter solucionado o caso. O prefeito de Campinas teria sido alvo de um latrocínio (morte durante assalto) cometido por quatro homens que desciam a avenida em duas motocicletas. Logo depois, um homem é preso e confessa o crime. O suposto autor do crime denúncia os três colegas que teriam agido com ele e todos os envolvidos são detidos. Mais tarde, o Ministério Público descartaria a versão dos "motoqueiros" apontando a quadrilha de Andinho como suspeita do crime.



Os documentaristas ouvem os suspeitos de Porcelli, que garantem só ter confessado o crime mediante tortura. O delegado contesta a versão dos acusados e relembra as circunstâncias da confissão. "Não teve tortura. Fiz o interrogatório acompanhado de mais quatro promotores públicos e eles viram que a confissão foi espontânea", garante Porcelli, em depoimento aos documentaristas.



Chacina em Caraguatatuba



Mas um fato novo dá uma reviravolta no caso. No dia 2 de outubro de 2001 é noticiada uma chacina realizada por policias de Campinas, liderados pelo delegado Marco Manfrim, na cidade litorânea de Caraguatatuba. Foram mortos quatro criminosos da cidade do interior paulista. Entre eles estavam Anso e Valmirzinho, membros da quadrilha de Andinho, o mais temido traficante de Campinas.



A chacina levanta suspeitas quanto ao envolvimento de policiais no assassinato do prefeito de Campinas. Por que os supostos assassinos do prefeito Toninho foram executados, e não presos, por policiais? O ouvidor da polícia Fermínio Fechio atenta: "É gente que se estivesse viva, talvez pudesse dar algum esclarecimento em relação ao homicídio do prefeito".



"Roteiro" surreal



Em janeiro de 2002, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo passa o caso de Toninho para a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Novos depoimentos são colhidos. Surge a versão de que Andinho e mais três membros de sua quadrilha (Anso, Fininho e Valmirzinho), abordo de um Vectra prata, teriam sido autores dos disparos.



Mas qual foi o motivo para que atirassem no prefeito? Para o DHPP, foi um "crime comum": Andinho e membros de sua quadrilha desciam uma importante avenida em alta velocidade. Coincidentemente, o único veículo que não abriu caminho foi o do prefeito da cidade, dirigido pelo próprio. Assim, por atrapalhar a passagem de Andinho, Toninho foi morto com três tiros.



Embora a motivação tenha ficado nebulosa, o MP e o DHPP não têm dúvidas quanto a autoria. "Por exames periciais e provas testemunhais se chegou a conclusão de que o crime foi praticado por Andinho e os membros de seu grupo", garante o promotor Fernando Vianna, em depoimento colhido por França e Manechini. Em junho de 2002, Anso, já morto, foi apontado como autor dos disparos. Andinho foi indiciado por participação no homicídio.



Motivação política



As autoridades nunca relacionaram o assassinato de Toninho do PT a alguma motivação política. No filme, entretanto, Nilson Lucílio, secretário de finanças do governo de Toninho, lembra que ex-prefeito bateu de frente com diversos setores quando comandava a cidade. "Reduzimos o contrato de merenda escolar em 40% do valor. Locação de carro, reduzimos o valor em 30%, vigilância em 40% e o lixo em 30%."



Roseana, a viúva de Toninho, enumera as brigas judiciais que seu ex-marido havia comprado durante os 20 anos de atuação como homem público. "O Antônio tinha processo contra Mendes Júnior, Camargo Corrêa, Quércia. Antônio moveu ação popular contra Norberto Odebrecht", diz ela, para provocar: "E ele nunca mexeu com interesses empresariais?"



Reabertura das investigações



Em setembro de 2007, as investigações foram reabertas. Marina Santos, filha de Toninho, afirma não se tratar de um grande alento. "As investigações serão conduzidas pela Polícia Civil, a mesma que apresentou a tese rejeitada pelo juiz Torres. Isso não irá mudar nada", afirma Marina em entrevista ao estadao.com.br.



O que mãe e filha desejam é a entrada da Polícia Federal no caso. No início de 2008, Roseana conseguiu uma audiência com o ministro da Justiça, Tarso Genro, que lhe disse que colocaria a PF para investigar a morte de seu marido. Marina afirma que o requerimento para que a Polícia Federal comece a agir está "debaixo de um pilha enorme".



"Isso terá que ser avaliado ainda, vai demorar. Caso o Tarso Genro determinasse, a investigação começaria na hora", reclama a filha de Toninho.



Andinho



Andinho segue preso na Penitenciária de Segurança Máxima de Presidente Bernardes, respondendo por outros crimes, a maioria de sequestro.



É Tudo Verdade - Ecos, de Pedro Henrique França e Guilherme Manechini

São Paulo: Cinemateca - Terça (1/9), às 20h30; sexta (4/9), às 14h30

Rio de Janeiro: Instituto Moreira Salles - sábado (5/9), às 14 horas; domingo (6/9), às 20 horas

no guia da folha online

01/09/2009 - 08h00
Festival É Tudo Verdade exibe documentário sobre Toninho do PT

da Folha Online

Começa nesta terça-feira (1º), depois de sessão especial para convidados realizada um dia antes (31), a segunda parte da 14ª edição do festival de documentários É Tudo Verdade, em São Paulo.

Pela primeira vez, neste ano, o evento é dividido em mostra competitivas, em março e abril, e mostras especiais, exibidas na Cinemateca (região sul da capital paulista) no segundo semestre. As sessões vão até a próxima segunda-feira (7/9).

Um dos destaques desta segunda fase é o ciclo O Estado das Coisas, que lança o documentário brasileiro "Ecos" (2007), de Pedro Henrique França e Guilherme Manechini, sobre a trajetória de Toninho do PT, ex-prefeito de Campinas assassinado em 2001. Outra estreia do ciclo é ainda o brasileiro "Fordlândia" (2008), de Daniel Augusto e Marinho Andrade, sobre a criação, pelo magnata Henry Ford, de uma cidade no Pará, para a produção de látex.

É Tudo Verdade promove também retrospectiva inédita da obra documental do francês Louis Malle, que ganhou a Palma de Ouro em Cannes em 1956, pela produção "O Mundo do Silêncio", dirigido em parceria com o pesquisador Jacques Cousteau.

Entre os filmes dirigidos por Malle, serão exibidos "Vive le Tour" (1962), em que mostra a prova ciclística de seu país pelo olhar dos retardatários, "A Busca da Felicidade" (1986), sobre a vida de imigrantes nos EUA, e "O País de Deus" (1986), um retrato de opiniões e da religião de habitantes de Minnesotta.

Novos filmes do norte-americano Robert Drew, como "Um Presidente a Lembrar na Companhia de John F. Kennedy" (2008), e do cineasta uruguaio Gonzalo Arijon, a exemplo de "Olhos Bem Abertos" (2009), integram a programação do festival.