segunda-feira, 14 de setembro de 2009

porque von trier é foda



O primeiro filme que assisti de Lars Von Trier foi 'Dançando no Escuro'. Muitos fãs vão me achincalhar, mas eu não consegui gostar - muito por conta daquele chororô intermitente da Björk (do qual só me recuperei após o carnavalesco e bom show dela aqui no Tim Festival). Quando fui ver 'Dogville' tinha, portanto, um pé atrás. Saí ao final impressionado. Todo encenado em um teatro, sem cenários (paredes), a trama estrelada por Nicole Kidman me deixou embasbacado. Novamente, Von Trier colocava o dedo em riste para jogar na cara valores éticos e morais deturpados. Assim foi com Manderlay, em uma escala menor (ainda prefiro Nicole).
Ontem fui ver ao seu mais novo e polêmico 'Anticristo'. Desta vez, o diretor envereda para um terror psicológico que aflige e perturba o espectador. O drama de uma mulher que perde o filho e tenta se curar com o marido terapeuta é claustrofóbico. Von Trier reconheceu que 'Anticristo' foi uma terapia para ele mesmo - o dinamarquês estava no auge da síndrome do pânico.
Charlotte Gainsbourg (divinamente no papel da mulher e merecidamente premiada em Cannes) chegou a afirmar que no set o receio era latente de que Von Trier abandonasse as gravações a qualquer momento. O sofrimento 'dela' em cena serve de espelho ao seu próprio criador.
Charlotte e Willem Dafoe protagonizam o longa brilhantemente. Há cenas fortes e aterrorizantes - a mutilação do clitoris e a porrada que ela dá no pau do cara, para em seguida masturbá-lo até o jorro de sangue, são de fato muito fodas (para ficar apenas nessas).
'Anticristo', porém, não é apenas um choque gratuito. Von Trier faz no prólogo e no epílogo uma das cenas mais lindas que já vi no cinema. Sobretudo faz uma digna e relevante reflexão sobre o sentido da vida. Até onde podemos ir. E o que em nossa volta realmente importa. O quão estamos apenas a passeio diante de algo que tanto valorizamos: a vida.

3 comentários:

ju disse...

110 desconfortáveis minutos retalhados de luto, loucura e amor.

vai Pedrinho, assista novamente dançando no escuro... não é só escuridão não..

Pedro Henrique França disse...

eu vou tentar...

Renata Megale disse...

medo total. eu nao passo nem perto da sala do cinema. beeeeeeejo outro tchau!