sábado, 21 de novembro de 2009

faces do (bom) exagero



Recentemente tive a oportunidade de entrevistar Ney Matogrosso ao vivo, no estúdio do SBT, minutos antes de entrar para gravar o Programa da Hebe. Ney falou sobre o novo disco, 'Beijo Bandido', simulou a sedutora interpretação de 'Nada Por Mim' apoiado em um banquinho, mas lembrou que o atual trabalho nada tem a ver com um momento autobiográfico, com uma paixão pessoal. "É romântico, mas nada melancólico", disse. E ele ainda ama? "Claro, não estou morto, tenho testosterona ainda". Emendo que certo dia falei com Erasmo Carlos e ele me admitiu ter saudades da parte física obecer de imediato o que a mental quer. Ney faz cara de sarcasmo, de gracejo. E diz: "Ah, a minha obedece".
O homem que revolucionou a arte com Secos e Molhados diz que o frenesi feminino o acalenta. Confessa que teve medo de ser rejeitado. "Achava que as mulheres fossem me achar uma coisa esquisita. E é claro que não queria isso, não queria ser rejeitado". Ele pede uma pausa para fazer um trabalho de 'desentupimento'. "Tenho um desvio de septo, sou todo entupido". Entra no banheiro com um remédio e produz sons, bem, não muito agradáveis.
Retoma a entrevista. Chego ao seu ponto C, de Cazuza. Questiono se incomoda esse diz-que-me-diz em torna dessa relação. "Sim. Não falo mais sobre isso. Nem sobre Cazuza, nem sobre Secos e Molhados". E por que? "Porque a entrevista vira só aquilo". Lembro que uma última entrevista que abordava bastante isso havia sido publicada na Folha de S. Paulo, na coluna da Mônica Bergamo. Ele diz que foi a partir de então que decidiu encerrar o assunto. "Porque se não toda a entrevista vira só isso. Fica parecendo que eu quero me promover em cima do Cazuza".
Aproveito para retomar as recentes declarações de Caetano Veloso ao Estado de S. Paulo, na Sonia Racy. Ele faz cara de reprovação. Pergunto se é um erro da imprensa buscar personalidades para falar sobre tudo, como se Caetano fosse um expert em todos os temas. Ney concorda. "Um dia me ligaram para repercutir a separação do Chico (Buarque) com a Marieta (Severo). O cara me pergunta o que eu achava disso. Disse que não achava nada, que eles eram maiores de idade e sabiam o que fazer das tuas vidas. O cara ainda ficou puto. E o que eu tenho a ver com isso?".
Ainda assim ele se manifesta sobre política "como um brasileiro que acompanha essa pouca vergonha". "Acho bom a entrada da Marina (Silva, do PV) para balançar o coreto da outra (Dilma Roussef, pré-candidata do PT). O presidente não pode achar que temos de seguir o que ele fala ou quer".

Rubrica
Reproduzi esse encontro, parcialmente publicado no Guia do Estado da semana passada (13/11), porque estava revendo o 'Por Toda a Minha Vida', exibido na última quinta na TV Globo, que falou de Cazuza. Ney aparece no programa. Dá seu depoimento. E diz que Cazuza foi muito mais do que sexo - foi um amor. Ano que vem faz 20 anos que Cazuza morreu e que a música ficou um pouco mais sem graça, careta, medrosa. Poucos falaram de amor e de política como esse eterno exagerado. Ainda bem que temos Ney Matogrosso. Um outro igualmente exagerado: um veneno antimonotonia.

2 comentários:

eu disse...

adorei a reportagem mas acho que o ney, anda meio de fogo baixo, ta fazendo falta o seu exagero, ou talvez uma paixao exagerada.....
que inveja de ficar assim tao pertinho dele, deu friozinho na barriga, aguentou o olhar sedutor? ha!ha!

Pedro Henrique França disse...

opa, sem problemas. cada um no seu quadrado.