sexta-feira, 24 de abril de 2009

pais e filhos

- pai, eu tava lembrando...
- o quê?
- daquele dia que você me ensinou a andar de bicicleta sem rodinhas....
- foi legal, né?
- foi. também lembrei de você me forçando a dizer papai. e eu demorei à beça.
- é verdade...
- e agora está uma sensação tão estranha...
- como assim?
- não sei, sinto frio. e ao mesmo tempo não sinto nada.
- é uma transição, mas vai passar.
- por que você fez isso?
- filho, eu não podia mais...
- mas o que eu tinha a ver com isso?
- nada, filho, mas...
- pai, eu saí de você. mas eu não consigo entender.
- o quê filho?
- você disse que me amava...
- mas eu te amo.
- pai, eu acredito... mas porque eu estou aqui agora?
- a gente está bem filho.
- eu sei. mas acho que ainda não queria estar aqui.
- filho...
- pai...
- eu fiz isso por nós.
- não, você não fez.
- fiz...
- não. porque agora a gente vai se separar.
- não..
- sim. porque eu vou para um lado e você para outro. eu subo, você desce...
- mas eu te amo.
- não pai. porque quem ama, ama. não mata.

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