quinta-feira, 25 de junho de 2009

A morte de Michael


Um dos maiores astros do pop simbolizava continuação de James Brown

A morte de Michael Jackson, aos 50 anos, pegou de surpresa representantes de várias gerações da música brasileira. Muitos deles, inclusive, receberam a notícia pela própria imprensa. Caso de Luiz Melodia, que repercutiu a tragédia perplexo ao telefone. “Independentemente da música, ele era um grande dançarino. Que empolgava não só com seu repertório, mas pelo seu bailado”, disse o carioca, que afirma ter sofrido influência na dança. Ed Motta vai mais além. “Michael é a continuação da ideia proposta pelo James Brown, foi um Frank Sinatra do soul. Ele levou a ideia de cantar bem, dançar bem, ser um showman – e sempre com maestria”. Para Ed Motta, Michael “liderava as massas de forma brilhante”.

Representante de uma geração mais atual, o baixista Dengue (Nação Zumbi) relembra um dos maiores astros pop no tempo em que ainda era “moleque”, de quando brincava na rua e voltava correndo para casa para ver um novo videoclipe. “Lembro bem do dia em que ia passar 'Thriller' no 'Fantástico'. Na rua todo mundo só falava disso. Quem naquela época não andava ‘moon walker’?”. Para o instrumentista, a influência de Michael na sua geração é inegável. E emenda: “Se a geração atual não o ouve, posso dizer que ela está perdendo muito”.

Baterista d’Os Paralamas do Sucesso, João Barone analisou o fato de Michael morrer justamente no momento em que só se falava na megaturnê que marcaria o seu retorno, após anos de decadência e escândalos. “É curioso e arrebatador. Mas o fato é que Michael Jackson ficará para sempre no panteão dos ícones do pop mundial”. Ed Motta aproveitou o gancho. E dá sua visão sobre o tal retorno “Acredito que ele estava sendo muito cobrido por esse retorno, em questões contratuais. Acho que essa é uma oportunidade do público parar e olhar de perto as tensões que um artista passa. E que termina assim, tão jovem.”.

Barone diz que o período de entressafra de Michael acabou deixando sua música em segundo plano, enquanto só se falava da sua decadência. “É lamentável ver um cara que teve tudo na mão ficar com a pecha daquele que perdeu o controle da própria carreira. Agora, o que se tem de fazer é lembrar dos seus bons momentos”, diz ele, que pontua 'Of The Wall' (1979), assim como Ed Motta, como um marco na carreira de Michael.

O DJ e produtor Plínio Profeta lembra que não havia uma noite sequer que ele deixasse de tocar algum remix de Michael. “Estou chocado”. Sem palavras, KL Jay, dos Racionais MC’s, foi informado pela assessora após ligação do repórter. Segundo ela, ele ficou sem palavras e não teria condições de falar. Caetano Veloso, que registrou 'Black or White', no antológico 'Circuladô', em medley com 'Americanos', também não pôde falar. Segundo seu produtor, o cantor e compositor baiano gosta muito de Michael e poderia se desconcentrar antes do show que faria ainda hoje em Porto Alegre.

Em uma comparação surpreendente, Ed Motta resume perfeitamente o status e (por quê não?) os problemas de Michael: “Ele era uma Marilyn Monroe misturado com Mickey Mouse e a Coca-Cola juntos”. Um símbolo pop sem dimensões. (Pedro Henrique França, de O Estado de S. Paulo)

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