segunda-feira, 17 de novembro de 2008

até onde?


Ela tem um jeito de menina. Desde a primeira vez que falei com ela - e até me incomodava entrevistar uma criança (sim, ela é uma criança e tímida).
- Mallu, você não se assusta com essa exposição? "Ah, não".
- O que você está achando disso? "Ah, é legal".
E dava sinais de certa rebeldia.
- Como teus pais lidam com isso? "Ah, eles tentam me colocar os pés no chão. Mas nem sempre concordo com tudo que eles falam".
Os meses passaram. A exposição aumentou. Ela vendou conteúdo pra Vivo, gravou com Marcelo Camelo, ganhou matéria de 10 páginas na Bravo! e foi intitulada "revolucionária" aos 16 anos. Continuava me incomodar esse espaço dedicado a uma menina. Como pode uma menina de 16 anos ser revolucionária? Como pode a imprensa levantar tanto a bola de uma garota que ainda está se desenvolvendo?
Na última sexta, durante o show de Marcelo Camelo, eu entendi. Balançando a perna como uma criança num balanço, Mallu cantou três faixas - 'Janta', 'Morena' e 'Faz'. Nesta última especificamente, me chamou a atenção o jeito meio Janis Joplin, a despretensão, o talento... E saí de lá com o receio: até onde pode ir Mallu Magalhães.
Porque se ela der continuidade a este trabalho a mídia pode dizer que ela estagnou. Se ela mudar demais podem dizer que ela perdeu a mão. Porque a mídia é faminta - para alavancar o novo e para destruir o velho. Mas, como bem disse-me Marcelo Camelo, quem descobriu Mallu não foi a mídia. Descobriram-na através do MySpace. E a imprensa foi atrás quando Mallu já era consagrada e tinha milhares de acesso na rede (hoje são mais de 2 milhões). Portanto, ela já tem o seu público. Resta agora ela saber conduzi-lo. E nem precisa mudar. Está indo muito bem como está.



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