segunda-feira, 6 de julho de 2009

dualidades femininas

louvas a tríade: marcelo farias, carol castro e duda ribeiro

na última sexta fui assistir dona flor e seus dois maridos no teatro faap. antes, ouvi um comentário do tipo "jura (que você vai ver isso)?". pelo simples fato de que a peça era estrelada por globais - marcelo faria e carol castro - havia (e ainda existe) um certo ranço da crítica especializada de antemão, mesmo sem ver. dei de ombros para esse tipo de preconceito, e, confesso, muito graças a uma exceção no meinho, o crítico luiz fernando ramos, da folha.
a montagem, do próprio faria, foi uma sucessão de surpresas. o próprio está totalmente à vontade no papel de vadinho, o boêmio vagabundo bom de cama e péssimo no quesito ética e moral. e nem mesmo quando fica completamente nu, nota-se qualquer tipo de constrangimento. duda ribeiro, no papel de teodoro, o oposto de vadinho (ruim de cama e bom de ética), se sai bem. assim como carol castro, na carente e fogosa dona flor. à par do 'triângulo amoroso', o público ainda é surpreendido pela ótima interpretação de ana paula bouzas, como norminha, a amiga escrachada de dona flor. louvas também para o acertado cenário que contribui e muito para a recriação de salvador, sem soar clichê ou exagerado.
na soma, a peça superou as expectativas. em cena, o elenco reproduz com glória o texto excepcional do inesquecível jorge amado. ninguém como este baiano retratou a dualidade do ser humano como em dona flor e seus dois maridos. está exposto ali o conflito das necessidades de uma mulher. ela é infeliz com vadinho, que morre e depois volta em espírito a pedido da dona flor. isso porque seu segundo marido nem de longe supre as carências sexuais e afetivas na cama. o ponto alto da peça está justamente no momento em que marcelo faria, num surpreendente monólogo, joga essas questões na cara de dona flor. um tapa na cara com sopro de carinho.

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